Jornal Médico - Uma ponte entre MGF e Dermatologia: Dia do Euromelanoma no Centro de Saúde de Oeiras

O cancro cutâneo é o mais comum em todo o mundo, sendo também um dos mais evitáveis. No entanto, a sua incidência tem vindo a aumentar nos países ocidentais. A prevenção primária baseia-se na evicção da exposição a radiação UV. A prevenção secundária envolve a deteção precoce, através do autoexame e da avaliação médica de lesões suspeitas. O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento eficaz do cancro da pele e, por essa razão, é muito importante estar atento a alteração de sinais ou manchas. O médico de família é, a maior parte das vezes, o responsável pela deteção inicial, triagem e referenciação das lesões cutâneas suspeitas. É fundamental capacitar os médicos de família (MF) para atuarem de forma mais eficaz, mas também é essencial aproximar os cuidados de saúde primários (CSP) dos serviços de Dermatologia, promovendo ações formativas, estreitando relações interpares e criando canais de comunicação, a par com um agendamento mais célere de consultas para os utentes com lesões suspeitas. No dia 15 de maio de 2019 celebrou-se o Dia do Euromelanoma em mais de 30 países da Europa. Em Portugal, foram realizados rastreios gratuitos de cancro da pele em cerca de 45 serviços de Dermatologia de todo o país. Para assinalar este dia nas nossas unidades de saúde familiar (USF) – e com isso trazer ganhos em saúde para os nossos utentes – estabelecemos uma articulação com o Serviço de Dermatologia do Hospital Egas Moniz, em Lisboa. Solicitámos aos MF a identificação de utentes com lesões cutâneas suspeitas. Contámos com a colaboração da Dra. Maria Goreti Catorze, assistente graduada de Dermatologia e do Dr. Atanásio Máquina, interno de Formação Específica em Dermatologia que se deslocaram nesse dia ao Centro de Saúde (CS) de Oeiras. Em primeiro lugar, realizaram uma ação de formação/sensibilização sobre lesões cutâneas malignas, de carácter prático, dirigida aos profissionais de saúde (médicos e enfermeiros). Posteriormente, procederam à observação de 22 utentes que tinham sido selecionados e convocados pelos MF das duas USF por apresentarem lesões suspeitas. Nesses 22 utentes, os colegas de dermatologia confirmaram lesões cutâneas pigmentadas suspeitas em 13 deles, tendo-se efetuado a sua referenciação via sistema ALERT para o Hospital Egas Moniz, para o que foram disponibilizadas vagas de consulta durante o mês de junho. Entre os utentes referenciados diagnosticaram-se seis carcinomas basocelulares, três carcinomas espinocelulares e um melanoma. A teledermatologia é, atualmente, a opção para referenciação hospitalar nesta área, mas o tempo despendido, o material implicado e a redundância e, por vezes, inoperacionalidade, dos programas informáticos dificultam o trabalho dos médicos de família. Por outro lado, o tempo de espera para uma primeira consulta de Dermatologia é superior ao desejável. O tipo de articulação organizada revelou-se muito eficiente: evitou a deslocação de alguns utentes que não necessitaram de avaliação posterior e diminuiu o tempo decorrido entre a avaliação inicial, a confirmação do diagnóstico e o tratamento dos doentes com lesões malignas. Esta iniciativa permitiu, também, estreitar relações entre os colegas dos dois níveis de cuidados e dar a conhecer a realidade dos CSP, facilitando a colaboração no futuro e o estabelecimento de canais de comunicação recíprocos mais eficazes. AUTORES: Tiago Castelar1; Sofia Remtula1; Raquel Sanches2; Maria Goreti Catore3; Atanásio Máquina4 1Interno de MGF USF Conde de Oeiras 2Interna de MGF USF S. Julião 3Assistente graduada de Dermatologia Serviço de Dermatologia Hospital de Egas Moniz 4Interno de Dermatologia

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