Situação no Hospital Garcia de Orta deverá ser resolvida nos próximos dias
DATA
27/01/2015 16:00:35
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Jornal Médico
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Situação no Hospital Garcia de Orta deverá ser resolvida nos próximos dias

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O ministro da Saúde disse hoje, no Porto, que a situação no Hospital Garcia de Orta, Almada, deverá ficar resolvida nos próximos dias, nomeadamente, no que se refere aos casos sociais internados e aos doentes com indicação para cuidados continuados.

Sete chefes da equipa do serviço de urgência do Garcia de Orta apresentaram na segunda-feira demissão, justificando a decisão com a degradação das condições de trabalho e também com a excessiva lotação de doentes internados.

“Uma primeira questão que temos de resolver no Garcia de Orta diz respeito a resolver os casos sociais, ou seja as pessoas que não têm indicação clínica para estar a ocupar camas, e um segundo aspecto é resolver o caso dos doentes que têm indicação clínica para cuidados continuados e não para permanecerem nos hospitais”, afirmou Paulo Macedo, no final de uma visita ao Hospital de São João, no Porto.

De acordo com o ministro, existe “a possibilidade de resolver esta situação, entre hoje e o princípio da próxima semana, e também se for necessário, far-se-á o desvio de doentes para outros hospitais”.

Relativamente a recursos humanos, o ministro disse que “o hospital recrutou um conjunto muito importante de enfermeiros recentemente e está a aguardar a finalização de alguns concursos de especialidades hospitalares. Devem estar a terminar, nas próximas semanas, segundo o presidente do Conselho de Administração”.

“Há aqui aspectos que o Conselho da Administração está a resolver com o apoio da Administração Regional de Saúde [ARS], porque nós queremos que a situação fique normalizada”, sublinhou.

Paulo Macedo considerou que, “neste momento, há uma profunda consciencialização de que há uma necessidade de prestação de cuidados, de que os profissionais estão comprometidos e de que estão a ser disponibilizados mais meios”.

“Volto a lembrar que só para o Hospital Garcia de Orta, neste período de crise, disponibilizámos fundos, através de perdões de dívida, de aumentos de capital e de regularizações de dívidas, de mais de 140 milhões de euros. Deste montante, mais de cinco milhões de euros foram disponibilizados em Dezembro de 2014 e serão disponibilizado mais cerca de 10 milhões”, referiu.

Para o ministro, a situação que se vive em muitas urgências hospitalares está relacionado com “um aumento de internamentos sem paralelo daquilo que foi no passado. Não temos um afluxo muitíssimo maior de pessoas às urgências, mas temos muito mais pessoas a ser internadas que exigem mais atenção e mais tempo”.

“Ou seja, isto é uma realidade no Garcia de Orta, do resto do país e também aqui do São João. Em alguns casos, hospitais que tinham percentagens de internamento de pessoas que iam às urgências de 8%, neste momento estão com cerca de 15%. Isto diz respeito aos idosos com múltiplas morbilidades, com gripe, mas sobretudo com uma grande componente de infecções respiratórias”, acrescentou.

Câmara de Almada diz que situação na urgência do Hospital Garcia de Orta é de “extrema gravidade”

A Câmara de Almada defendeu hoje que o pedido de demissão de sete chefes do serviço de urgências do Hospital Garcia de Orta comprova a falta de condições naquele serviço e configura uma "situação de extrema gravidade".

"As razões que levaram à demissão dos responsáveis pelos serviços de urgência do Hospital Garcia de Orta comprovam a falência das condições de atendimento e de trabalho nas urgências daquela unidade de saúde do concelho de Almada", refere um comunicado hoje divulgado pela autarquia, que também aponta o alegado "desinvestimento" na área da saúde.

"As circunstâncias em que ocorrem estas demissões no Hospital Garcia de Orta confirmam, igualmente, a total incapacidade do ministro da Saúde em dialogar com os parceiros", acrescenta o comunicado, que reitera as críticas ao governante pela recusa aos sucessivos pedidos de audiências que lhe foram dirigidos pelos autarcas da região de Setúbal.

A Federação Distrital do PS de Setúbal também responsabiliza o Governo pela situação que levou ao pedido de demissão dos sete chefes de serviço, considerando que se trata de uma decisão que resulta da "acção directa do Governo no sector da saúde" e do alegado "desinvestimento nos cuidados de saúde primários, levando a que haja hoje menos cidadãos residentes no distrito de Setúbal com acesso a médico de família".

Em comunicado divulgado pouco depois de ser conhecido o pedido de demissão dos sete médicos, o CDS/PP de Almada lamenta as mortes ocorridas no serviço de urgências do Hospital Garcia de Orta, mas adverte que se deve aguardar pelo apuramento de responsabilidades e evitar "conclusões abusivas e especulativas antes de se apurarem factos e/ou responsabilidades".

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do tejo (ARSLVT) já reconheceu, também em comunicado, que houve um aumento da afluência de doentes na ordem dos cinco por cento e um acréscimo muito significativo, de cerca de 30 por cento, do número de doentes internados a partir do Serviço de Urgência, sobretudo doentes maioritariamente idosos e com múltiplas patologias.

A ARSLVT garante, no entanto, que o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, em articulação com a direcção médica do Hospital, está a delinear um conjunto de medidas com vista ao aumento da capacidade de internamento do Hospital.

De acordo com a ARSLVT, o Hospital Garcia de Orta está também a trabalhar com os Centros de Saúde de Almada e do Seixal para reforçar o apoio domiciliário e o aumento da capacidade de resposta à doença aguda.

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Editorial | Luís Monteiro, membro da Direção Nacional da APMGF
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