Perto de 300 médicos fizeram greve hoje de manhã no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tendo-se verificado problemas na área cirúrgica, em particular na especialidade de anestesiologia, que teve uma adesão de 68%.
Os dados foram avançados pelo presidente do conselho de administração do maior hospital do país, Carlos Martins, que revelou ainda que no bloco central da unidade não se realizaram 12 cirurgias.
Quanto à adesão à greve, o responsável especificou que estavam escalados 873 médicos, pelo que os 280 que fizeram greve, correspondem a pouco mais de 32%, o que permite que as consultas funcionem com relativa normalidade e que vários serviços tenham a produção a 100%.
Os presidentes dos hospitais de S. João e de Santo António, do Porto consideram ser “ainda cedo para fazer uma avaliação”.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do Centro Hospitalar de S. João, António Ferreira, remeteu para o final da manhã a divulgação de dados concreto sobre a adesão à greve.
António Ferreira disse que durante a madrugada correu tudo dentro da normalidade e que “só mais tarde se poderá fazer uma avaliação do impacto desta greve”, uma vez que muitos turnos tiveram inicio às 08H00/09H00.
Também o presidente do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, Sollari Allegro, disse que “as consultas e as cirurgias são marcadas com horas” e que, por isso, “só ao final da manhã será possível fazer a avaliação global”.
“De qualquer maneira, penso que irá ter algum impacto porque há alguma insatisfação por causa dos cortes salariais, mas acredito que terá menor adesão do que a anterior”, acrescentou.
A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Maria Merlinde Madureira, aconselhou hoje os utentes a não saírem de casa sem confirmar as suas consultas.
“Aconselho os utentes a não saírem de casa sem ter a certeza de que a sua consulta se vai realizar. Será no sector das consultas e da cirurgia programada que haverá os maiores prejuízos imediatos que serão compensados pela garantia de um futuro melhor na saúde”, sublinhou.
A dirigente da FNAM adiantou que os motivos da greve prendem-se com a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos profissionais e utentes.
Hoje é o primeiro de dois dias de greve de médicos, a segunda que o ministro Paulo Macedo enfrenta em dois anos.
Ao contrário da greve de 2012, a actual paralisação não terá a participação do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que, no dia em que foi anunciada esta forma de luta, explicou que não aderia.
O protesto, que começou às 00H00 de hoje e decorre até às 24H00 de quarta-feira, foi convocado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e conta com o apoio da Ordem, de várias associações do sector e também de pensionistas e doentes.
A publicação do código de conduta ética, a que os médicos chamam "lei da rolha", a reforma hospitalar, o encerramento e desmantelamento de serviços, a falta de profissionais e de materiais e a atribuição de competências aos médicos para as quais não estão habilitados são os principais motivos na base da convocação desta greve.
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Qual é a relação entre medicina e arte? Serão universos totalmente distintos? Poderá uma obra de arte ter um efeito “terapêutico”?