A falta de médicos especialistas, instalações desadequadas e equipas reduzidas nas unidades de saúde familiares foram lacunas apontadas pelos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde, que visitaram ontem os hospitais de Chaves e de Vila Real, bem como o centro de saúde n.º 1 de Vila Real, onde estão instaladas duas unidades de saúde familiares (USF).
O objectivo, explicou aos jornalistas o vice-presidente da comissão parlamentar, foi “verificar no terreno o que é a realidade”.
Salientando o "excelente trabalho" prestado pelos profissionais de saúde, Couto dos Santos, reconheceu a falta de médicos de algumas especialidades no CHTMAD. “Uma coisa que notamos é que há necessidade de médicos especialistas nestas zonas do interior”. Esta é, segundo o responsável, a lacuna “que é mais notada pelos cidadãos”.
Por sua vez, o deputado do PCP Jorge Machado realçou a “excessiva concentração de serviços e valências em Vila Real” e a “grande dispersão territorial” dos quatro hospitais que integram o CHTMAD (o Hospital de S. Pedro, em Vila Real, onde está localizada a sede social, o Hospital de Proximidade de Lamego, o Hospital Distrital de Chaves e o Hospital D. Luiz I, no Peso da Régua). Cidades que, segundo o parlamentar, “não estão ligadas por uma rede de transportes públicos” e onde se introduziram portagens na principal via de ligação, a auto-estrada 24 (A24). “O Governo está meramente preocupado em poupar recursos e dinheiro e com isto não olha a meios”, frisou. Refira-se que o CHTMAD integra ainda uma unidade de cuidados continuados e convalescença, situada em Vila Pouca de Aguiar.
Jorge Machado destacou o facto de se tratar de um distrito envelhecido, de idosos com baixas reformas e onde as pessoas não possuem meios para se deslocarem entre as unidades de saúde. “Está-se a afastar as pessoas do serviço nacional de saúde”, afirmou o deputado.
Em representação do PS, Luísa Salgueiro defendeu a necessidade de se conhecer os “problemas numa lógica de proximidade”. Nesse sentido, após a visita, realçou o problema de pessoal e de instalações desadequadas ao nível do funcionamento das USF no centro de saúde n.º 1 de Vila Real. “Mais uma vez o problema é de pessoal, de equipas que foram constituídas e que neste momento já estão desfalcadas. Os médicos estão a aposentar-se e não há renovação e há uma maior dificuldade em responder às necessidades das populações”, salientou.
Quanto às instalações, prevê-se que uma das USF vá ocupar um edifício inacabado, que vai ser cedido pelo município à Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte). A deputada disse ainda que outra dificuldade relatada no decorrer da visita foi a da falta de articulação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares. “Não há uma referenciação correcta e o que se verifica é que, por exemplo no hospital de Chaves, existem muitas situações de doentes que se deslocam ao hospitalar porque os centros de saúde ou unidades de saúde familiares não dão a resposta devida e há, por isso, um acréscimo de serviço desnecessário”, explicou.
Por favor faça login ou registe-se para aceder a este conteúdo
Qual é a relação entre medicina e arte? Serão universos totalmente distintos? Poderá uma obra de arte ter um efeito “terapêutico”?