Jornal Médico - SPG reafirma importância do diagnóstico precoce e tratamento das hepatites

A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) reforça amanhã, Dia Mundial das Hepatites, o essencial da campanha para sensibilizar a população acerca da importância do diagnóstico precoce e tratamento das doenças hepáticas. “Faça análises antes que o seu fígado dê que falar” é, recorde-se, a mensagem-chave. A Direção-Geral da Saúde (DGS) apelou, em maio de 2021, para a realização dos testes gratuitos e confidenciais de VIH, hepatites e infeções sexualmente transmissíveis, no âmbito da Semana Europeia do Teste de Primavera 2021. Segundo os dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), em Portugal, desde 2015 até 1 de julho de 2020, foram autorizados 27.239 tratamentos para a hepatite C e iniciados 26.006. A taxa de cura mantém-se nos 97%, com 15.909 doentes curados e 572 não curados. Já no início de julho, a SPG lançou uma campanha tendo por suporte principal um vídeo a recomendar: “Faça análises antes que o seu fígado dê que falar”. "A eliminação da hepatite C em Portugal é possível e desejável. Só não foi concretizada até ao momento por haver embaraços de índole administrativa e organizacional, aos quais se acrescentou a pandemia (…) que fez desviar a atenção, mas sobretudo recursos, aspeto que tem impactado qualquer estratégia", afirmou o presidente da SPG, Guilherme Macedo, em declarações à agência Lusa. O responsável refere-se a este problema como uma "pandemia esquecida", cuja solução passa pela proximidade entre doentes e sistema de saúde, o que só é possível "com a adoção do plano estratégico nacional que tem sido permanentemente adiado e o envolvimento ativo das estruturas de saúde". "Não podemos esperar que sejam só os indivíduos a procurar fazer análises. Para a hepatite C, não chega. É preciso que o próprio sistema de saúde vá ao encontro de algumas das pessoas infetadas, porque há nichos de populações vulneráveis que são mais difíceis de incorporar no sistema de saúde", defendeu. "A única forma de diagnosticar uma hepatite crónica não é pelos aspetos clínicos, é pelos laboratoriais, daí nós insistirmos muito na realização regular de análises para perceber se a pessoa teve contacto com os vírus da hepatite. No caso da hepatite C, isto é particularmente importante, (...) uma infeção curável em relativamente poucas semanas que pode evitar uma situação oncológica gravíssima", acrescentou. Os vírus da hepatite causam uma inflamação do fígado, que pode desaparecer espontaneamente ou progredir para fibrose (cicatrizes), cirrose ou cancro. E são a causa mais comum de hepatite no mundo. Na origem da patologia, pode estar também o consumo de substâncias como álcool ou certos medicamentos, e igualmente a sua relação a doenças autoimunes. Existem cinco tipos de hepatite virais: a hepatite A é sempre uma doença aguda a curto prazo; as hepatites B, C e D têm maior probabilidade de se tornarem contínuas e crónicas; a hepatite E, geralmente aguda, é suscetível de ser particularmente perigosa em mulheres grávidas.

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