Jornal Médico - Covid-19: "O vírus está longe de perder virulência", afirma o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão

O presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, José Alves, afirma que “é muito cedo para dar a luta [contra a Covid-19] por terminada”, defendendo a necessidade de “manter a guarda” e de evitar mensagens de “falsa estabilidade ou segurança”. Baseando-se nos dados referentes à segunda fase de desconfinamento, José Alves refere que, cerca de um mês depois, a região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) ultrapassou a região Norte (NRT), mantendo a percentagem de casos (45%), apesar de o número absoluto de casos ser maior (17527/17339). Entre 22 de maio e 24 de junho registaram-se 9904 casos novos, “perto da média mensal anterior”, afirma, considerando que são, no entanto, referentes a uma parcela da população diferente. “A percentagem de casos divididos pela idade era, a 22 de maio, de 33% na população com mais de 60 anos e de 66% entre as pessoas com menos de 60 anos. Desde então até hoje, a ocorrência relativa alterou-se significativamente, 20% nos mais idosos e 80% com menos de 60 anos”, aponta. Sublinha também que “o vírus não ficou menos virulento, ou agressivo”, dizendo ser muito cedo para esse tipo de evolução. “Com o tempo serão selecionadas estirpes menos letais, provocando uma doença muito menos grave, mas para já os resultados diferentes dos anteriores prendem-se com a diferença da população atingida. Sendo mais jovem, tem menor morbilidade e menos mortalidade”, esclarece. Face às razões mencionadas, afirma que o Sistema Nacional de Saúde (SNS) não está em rotura e que aquilo que está a acontecer em LVT – a subida de casos novos – “não tem tido, e eventualmente não terá, como consequência o aumento do número de mortes nem a rotura do SNS”. “Mas, estas questões circunstanciais são características de LVT, não do Alentejo, nem do Algarve, nem do Norte nem das regiões insulares. Em todas elas houve subida de casos novos a seguir aos feriados de 10 e 11 de junho, altura em que as autoestradas faziam lembrar a A2 nas mudanças de quinzena dos meses de verão”, recorda. No texto ao qual o Jornal Médico teve acesso, o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão faz também referência a “factos positivos”, entre os quais o facto de a percentagem de mortes, que chegou a 4,3, ter vindo a descer até aos atuais 3,8 – “mas pode vir a subir dentro de duas semanas”, ressalva. Apesar subida de casos novos, reconhece que os internamentos se mantêm estáveis há quase um mês, mas não deixa de mencionar que “o vírus está longe de perder virulência”. “Compreende-se que a premência da economia, associada à estabilidade dos casos graves, leve a pensar que o pior está passado. Engana-se quem pensa assim. Estamos longe de estar em segurança. Nós, a Espanha, a França, a Itália, etc.”.

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