Jornal Médico - “Roll Back Malaria”: Cabo Verde desafiado a liderar eliminação da malária

O diretor mundial da organização “Roll Back Malaria” defendeu que o surto deste ano não compromete os objetivos de Cabo Verde de erradicar a malária em 2020, desafiando o país a liderar a eliminação na África Ocidental. Kesetebirhan Admasu, que está em Cabo Verde para observar os esforços do país no processo de eliminação do paludismo, participou hoje, na cidade da Praia, numa conferência sobre os desafios nesta área, num ano em que o país registou mais de 430 casos. O responsável da “Roll Back Malaria” justifica o surto de paludismo deste ano com a interrupção do trabalho de controlo dos mosquitos motivada por “alguma complacência”, comum em países que “estão muito próximos da eliminação” da doença. Cabo Verde registou, em 2017, 437 casos de paludismo, um número inédito em quase três décadas num país que se encontra em fase de pré-eliminação da doença, registando menos de 1 caso por 1.000 habitantes por ano. Kesetebirhan Admasu acredita que o surto, que se concentrou na cidade da Praia, não comprometerá os objetivos do país de erradicar os casos locais de paludismo dentro de três anos. O responsável adiantou, ainda, que propôs que Cabo Verde se torne “no rosto da eliminação da malária na África Ocidental”, sublinhando a importância da colaboração entre países para conseguir acabar com a doença. “É muito importante que os países trabalhem juntos para a eliminação coletiva e isso requer compromissos políticos, novos recursos financeiros e capacidade a nível regional”, afirmou. O ministro da Saúde de Cabo Verde, Arlindo do Rosário, assegurou que o país mantém o objetivo da erradicação da doença em 2020. “Mesmo com o surto deste ano, continuamos com um limiar de incidência inferior a um por mil. O surto ficou circunscrito à cidade da Praia, foi muito bem abordado no diagnóstico precoce e no tratamento e, neste momento, estamos numa fase do controlo da epidemia”, disse. Acrescentou que, nas últimas semanas, não se registaram novos casos de paludismo, mas ressalvou que o desafio passa por dar continuidade às ações de prevenção e controlo da doença. A “Roll Back Malaria” é uma parceria entre a organização Mundial de Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial, e pretende fornecer uma resposta global e coordenada na luta contra a malária.

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