Jornal Médico - Os “descendentes” ou a “m……..” (pi!)

A l&iacute;ngua portuguesa mereceria, provavelmente, melhores dias&hellip; Desde logo porque o chamado Acordo Ortogr&aacute;fico fez as del&iacute;cias &ndash; maravilhou, diria &ndash; todos os que nunca a souberam ou puderam tratar bem, com respeito e correc&ccedil;&atilde;o, com conhecimento e defer&ecirc;ncia. A l&iacute;ngua portuguesa mereceria, provavelmente, melhores dias&hellip; Desde logo porque o chamado Acordo Ortogr&aacute;fico fez as del&iacute;cias &ndash; maravilhou, diria &ndash; todos os que nunca a souberam ou puderam tratar bem, com respeito e correc&ccedil;&atilde;o, com conhecimento e defer&ecirc;ncia. Mereceria igualmente melhores dias, face a tanta crise e estrangeirismos estranhos e distantes que, enxameiam a linguagem actual, t&atilde;o decadente, quanto assustadora&hellip; Ia nisto o meu pensamento, quando no meio de um caf&eacute;, ainda num desses agora mais raros estabelecimentos de conv&iacute;vio e cavaqueira, ouvi algu&eacute;m, ao meu lado, falar dos descendentes. Quando voltei a casa, vinha com a ideia dos descendentes na cabe&ccedil;a&hellip; O &ldquo;Novo Dicion&aacute;rio Integral da L&iacute;ngua Portuguesa Conforme Acordo Ortogr&aacute;fico &ndash; Universal&rdquo;, da Texto Editores, Lda., (2007), &eacute; claro sobre o significado da palavra &ldquo;descendente&rdquo;, sendo que a riqueza lingu&iacute;stica lhe pode atribuir sentidos muito diversificados: - &ldquo;Que descende&rdquo;; - &ldquo;Que desce&rdquo;; - &ldquo;Que vem de cima para baixo&rdquo;; - &ldquo;Que vem em direc&ccedil;&atilde;o contr&aacute;ria ao lado onde come&ccedil;a a via-f&eacute;rrea&rdquo;; - &ldquo;Pessoa que descende de outra, de uma fam&iacute;lia ou na&ccedil;&atilde;o&rdquo;; - &ldquo;Vazante, descida, curso de &aacute;gua&rdquo;. - Ou no plural, &ldquo;os indiv&iacute;duos que constituem uma descend&ecirc;ncia&rdquo; ou &ldquo;os que v&ecirc;m depois, os vindouros&rdquo;. Depois desta leitura, fiquei mais preo- cupado e, como se diz agora, sem saber como &eacute; que os &ldquo;mercados&rdquo; poder&atilde;o reagir se, como parece tamb&eacute;m, t&atilde;o inteligentes e sens&iacute;veis a cada nova dica ou dito, dispararem a subir as taxas de juro da Rep&uacute;blica&hellip; &Eacute; que o significado de &ldquo;descendentes&rdquo; s&oacute; parece ser um! Sen&atilde;o vejamos&hellip; A possibilidade de se constituir uma prole, garantindo o b&iacute;blico dever de constituir fam&iacute;lia e assegurar a reprodu&ccedil;&atilde;o da esp&eacute;cie, est&aacute; em risco acelerado de extin&ccedil;&atilde;o. A demografia, como ci&ecirc;ncia, demonstra uma inequ&iacute;voca redu&ccedil;&atilde;o da renova&ccedil;&atilde;o da esp&eacute;cie entre n&oacute;s, com cada vez menos crian&ccedil;as a nascerem e cada vez mais velhos a chegarem aos cem anos e a darem cabo da seguran&ccedil;a social, &agrave; custa das pens&otilde;es que lhes continuam a pagar! Os jovens casam cada vez menos e juntam-se cada vez mais tarde e t&ecirc;m os poucos filhos... Isto, quando calha... E as uni&otilde;es homossexuais, ao que consta, n&atilde;o proporcionam a renova&ccedil;&atilde;o demogr&aacute;fica ansiada! Portanto, falar de descend&ecirc;ncia nestes termos ou dos vindouros, &eacute; como especular quanto &agrave;s certezas dos governantes sobre as medidas tomadas para acalmar os tais &ldquo;mercados&rdquo;, quais sanguessugas ou piranhas famintas. Enquanto curso de &aacute;gua, a express&atilde;o descendente n&atilde;o augura, igualmente, nada de bom, sabendo-se como as altera&ccedil;&otilde;es clim&aacute;ticas, pela m&atilde;o do homem ou pelos seus p&eacute;s, tendem a acelerar a desertifica&ccedil;&atilde;o do planeta e a acentuar as extremas car&ecirc;ncias em &aacute;gua, havendo mesmo quem j&aacute; garanta que a luta pela &aacute;gua constituir&aacute; a raz&atilde;o das pr&oacute;ximas grandes guerras! Bem sei que, por outro lado, os pol&iacute;ticos metem &aacute;gua procurando contrariar aquela tend&ecirc;ncia, mas at&eacute; na &aacute;gua elas s&atilde;o t&atilde;o maus que, em final de contas, representam uma grande seca! Poder&iacute;amos falar ainda no sentido ferrovi&aacute;rio&hellip; Mas aqui, teremos dois problemas graves e sem solu&ccedil;&atilde;o. Por um lado, sabe-se como as vias-f&eacute;rreas v&atilde;o sendo abandonadas, encerradas e entulhadas, se bem que e felizmente, nalguns casos, tenham sido aproveitadas para operacionalizar circuitos pedestres ou ciclovias... Nas linhas que se mant&ecirc;m, apesar de tudo e entre muitas greves de maquinistas ou de bilheteiros ou de revisores ou sei l&aacute; de quem mais, alguns comboios v&atilde;o circulando, n&atilde;o sei a que velocidades, mas l&aacute; v&atilde;o andando... E por falar em velocidades, temos o TGV, o segundo problema sem solu&ccedil;&atilde;o. Primeiro, porque ningu&eacute;m sabe bem que trajectos h&atilde;o-de seguir, sendo certo que muita gente se h&aacute;-de lixar e prejudicar, contrabalan&ccedil;ado por alguns que se v&atilde;o encher de dinheiro &agrave; custa de tal obra e anexos... O que, na verdade, nem ser&aacute; in&eacute;dito, nem original. Depois porque, basta atentar no que eles dizem, diz sim, dia n&atilde;o: - &Agrave;s segundas, quintas e domingos, a obra &eacute; para lan&ccedil;ar e fazer! - &Agrave;s ter&ccedil;as, quartas e s&aacute;bados, a obra n&atilde;o &eacute; para fazer, nem nada que se pare&ccedil;a&hellip; - E &agrave;s quintas, acho que h&aacute; Conselho de Ministros e por isso, obviamente, nunca se sabe qual a decis&atilde;o a anunciar! Como quer que seja, j&aacute; compreenderam: descendentes, por aqui, tamb&eacute;m n&atilde;o! Resta-nos, enfim, o que vem para baixo; o que vem de cima para baixo. O que, confesso, me desagrada profundamente e &agrave;s vezes me revolve os f&iacute;gados e o olfacto, nesta direc&ccedil;&atilde;o habitual do tracto digestivo, no qual o que comemos entra por cima e, mais tarde ou mais cedo, sai por baixo! Fiquei varado! Afinal os descendentes s&atilde;o isto? O Pa&iacute;s n&atilde;o era no passado, mas &eacute; agora isso! Os descendentes, em Portugal, s&atilde;o &ldquo;m&hellip;..&rdquo;! Como ficou claro, fa&ccedil;a-se a vontade a quem nos tirou do salazarismo e nos deu a liberdade e o orgulho de n&atilde;o estarmos s&oacute;s!

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