Jornal Médico - Má coabitação prejudica reforma dos CSP

Os sinais s&atilde;o preocupantes. Uma unidade de sa&uacute;de familiar que lan&ccedil;a a toalha ao tapete, desmotivada... Os sinais s&atilde;o preocupantes. Uma unidade de sa&uacute;de familiar que lan&ccedil;a a toalha ao tapete, desmotivada por n&atilde;o chegar ao modelo B e queixosa da falta de apoio das chefias... outra que tarda em sair do papel, enredada em equ&iacute;vocos e celeumas com os dirigentes locais da Sa&uacute;de. No Agrupamento de Centros de Sa&uacute;de D&atilde;o Laf&otilde;es II, encontramos um caso paradigm&aacute;tico de como nem sempre velhos conhecimentos e pequenos meios contribuem para a coes&atilde;o, dentro dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios No Agrupamento de Centros de Sa&uacute;de (ACES) D&atilde;o Laf&otilde;es II, sedeado em Vouzela, desentendimentos v&aacute;rios t&ecirc;m perturbado o t&atilde;o desejado objectivo de reorganizar, rapidamente, os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (CSP) na regi&atilde;o. No in&iacute;cio de Dezembro arrancou naquele ACES, com sucesso, a Unidade de Sa&uacute;de Familiar (USF) Montemuro - Centro de Sa&uacute;de (CS) de Castro Daire - com a presen&ccedil;a do secret&aacute;rio de Estado Adjunto e da Sa&uacute;de, Manuel Pizarro. Em Oliveira de Frades, tamb&eacute;m j&aacute; funciona a USF Laf&otilde;es (desde Dezembro de 2008), no CS de Sat&atilde;o projecta-se uma nova USF para breve e em muitos outros locais o trabalho nas unidades de cuidados de sa&uacute;de personalizados (UCSP) tem vindo a ser repensado de raiz. Estas conquistas n&atilde;o conseguem, todavia, camuflar desaven&ccedil;as e grave in&eacute;pcia comunicativa entre profissionais do ACES (com destaque para coordenadores de USF e respons&aacute;veis da direc&ccedil;&atilde;o executiva e do conselho cl&iacute;nico), muitos deles colegas desde h&aacute; longos anos. Desaven&ccedil;as que teimam em derrubar USF j&aacute; criadas (como aconteceu em S&atilde;o Pedro do Sul), ou em estorvar o nascimento de novas unidades aut&oacute;nomas (caso de Vouzela). N&atilde;o h&aacute; maneira de esconder a evid&ecirc;ncia: as chefias do ACES D&atilde;o Laf&otilde;es II e v&aacute;rios profissionais de sa&uacute;de daquela institui&ccedil;&atilde;o remam em direc&ccedil;&otilde;es opostas. USF S&atilde;o Pedro esboroou-se! Em S&atilde;o Pedro do Sul, a USF ali criada (hom&oacute;nima) e cuja actividade se iniciou em Outubro de 2007, acabou por implodir no primeiro semestre deste ano. O antigo coordenador da unidade, Ant&oacute;nio de Sousa Gomes, j&aacute; n&atilde;o integra sequer os quadros do ACES. O m&eacute;dico pediu a demiss&atilde;o do cargo de coordenador da USF numa reuni&atilde;o do conselho geral, em Fevereiro de 2010 (no mesmo dia em que solicitou a aposenta&ccedil;&atilde;o). Como a USF n&atilde;o designou um novo coordenador, acabou por cessar a sua actividade em Maio, noventa dias ap&oacute;s a demiss&atilde;o do ex-coordenador. "Achei que o melhor era bater com a porta, naquele momento. Com o actual funcionamento deste ACES, torna-se imposs&iacute;vel trabalhar; o nosso trabalho &eacute; boicotado a toda a hora", justifica Ant&oacute;nio de Sousa Gomes. O cl&iacute;nico, que j&aacute; n&atilde;o integra o SNS d&aacute;, inclusive, exemplos de como, no seu entender, a falta de prepara&ccedil;&atilde;o de quem assumiu os &oacute;rg&atilde;os dirigentes do ACES lesa os interesses desta e de outras equipas: "as pessoas que est&atilde;o &agrave; frente do ACES nem sabem bem o que significa a contratualiza&ccedil;&atilde;o; come&ccedil;aram a construir a casa pelo telhado. &Eacute; como colocar um maquinista num comboio, antes de estar encartado. Sempre sentimos falta de apoio directo e de log&iacute;stica e, no final, percebi que o melhor seria ir-me embora. Foi o que fiz". O coordenador da extinta USF S&atilde;o Pedro (S&atilde;o Pedro do Sul) garante que as rela&ccedil;&otilde;es com a direc&ccedil;&atilde;o do ACES D&atilde;o Laf&otilde;es II tornavam imposs&iacute;vel a progress&atilde;o da unidade Para al&eacute;m do antigo coordenador da USF S&atilde;o Pedro, outro m&eacute;dico da extinta USF aposentou-se. O que fez com que os restantes tr&ecirc;s elementos m&eacute;dicos, assim como todos os enfermeiros e secret&aacute;rios cl&iacute;nicos da USF, fossem assimilados pela UCSP de S&atilde;o Pedro do Sul, onde hoje desenvolvem a sua actividade. Passagem fracassada para Modelo B afectou profissionais Para al&eacute;m das discord&acirc;ncias relativamente &agrave; governa&ccedil;&atilde;o do ACES, a equipa da USF S&atilde;o Pedro acabou por desistir do seu projecto porque sentiu dificuldades em passar para o modelo B, como reconhece Ant&oacute;nio de Sousa Gomes: "&eacute; verdade que se revelou sempre muito dif&iacute;cil passar ao modelo B, algo que nos desmoralizou. Para mim, era complicado manter a motiva&ccedil;&atilde;o num grupo de profissionais que estava condicionado ao modelo A. Para o antigo coordenador da USF S&atilde;o Pedro, era igualmente not&oacute;rio que as rela&ccedil;&otilde;es entre os profissionais da USF e os restantes colegas de S&atilde;o Pedro do Sul n&atilde;o eram as melhores: "enquanto os outros colegas trabalhavam no Servi&ccedil;o de Urg&ecirc;ncia B&aacute;sica e no centro de sa&uacute;de, em simult&acirc;neo, n&oacute;s d&aacute;vamos uma resposta integral dentro da USF. &Eacute; l&oacute;gico que isto tudo d&aacute; origem a alguns diferendos, com os quais &eacute; problem&aacute;tico conviver". Foi, pois, "um conjunto diversificado de factores" que o ter&aacute; conduzido &agrave; decis&atilde;o de sair da USF. Entre eles conta-se a incapacidade da USF S&atilde;o Pedro de colmatar a car&ecirc;ncia de recursos humanos que enfrentou. Obst&aacute;culo com o qual, de acordo com antigo coordenador, a equipa teve de se haver sozinha: "com a sa&iacute;da de dois m&eacute;dicos, ficar&iacute;amos reduzidos a quatro elementos. Ou seja, n&atilde;o poder&iacute;amos continuar a prestar assist&ecirc;ncia &agrave; extens&atilde;o de sa&uacute;de pela qual nos t&iacute;nhamos responsabilizado anteriormente. Ora, a directora executiva do ACES n&atilde;o permitiu que a m&eacute;dica que estava nessa extens&atilde;o viesse para a sede. Contra este rev&eacute;s, j&aacute; n&atilde;o tivemos qualquer hip&oacute;tese de lutar. Foi a gota de &aacute;gua!". O mesmo respons&aacute;vel assegura que ningu&eacute;m lhe pediu qualquer explica&ccedil;&atilde;o ou pediu qualquer documento, ap&oacute;s o desmembramento da USF: "a &uacute;nica pessoa que revelou algum interesse por todo este processo foi o Doutor Joaquim Gomes da Silva, vogal do conselho directivo da ARS do Centro. Realiz&aacute;mos duas reuni&otilde;es e ele manifestou toda a disponibilidade para ajudar a manter a USF. Mais ningu&eacute;m se mostrou dispon&iacute;vel para nos apoiar". USF Senhora do Castelo avan&ccedil;ar&aacute;? Noutro servi&ccedil;o do ACES D&atilde;o Laf&otilde;es II - mais precisamente no CS de Vouzela - uma segunda equipa procura lan&ccedil;ar uma USF, baptizada de "Senhora do Castelo". A unidade foi projectada inicialmente para seis m&eacute;dicos, abarcando listas de utentes da sede do CS e das Extens&otilde;es de Alcofra e de Campia. Por&eacute;m, desde o arranque da candidatura (em 2008) que os problemas e as crises se acumulam. Parte das adversidades pode ser justificada pelo distanciamento criado entre a equipa da USF e as chefias do CS e do ACES. De facto, muitos dos elementos da Senhora do Castelo n&atilde;o escondem a sua vontade de ganhar autonomia face &agrave; coordenadora do CS de Vouzela, Helena Sousa, e &agrave; directora executiva do ACES, Mercedes Figueiredo. "A actual coordenadora do CS j&aacute; tinha sido m&eacute;dica de fam&iacute;lia em Vouzela e o seu relacionamento com alguns profissionais, tanto m&eacute;dicos como de Enfermagem, n&atilde;o foi o ideal por v&aacute;rios motivos. Ela tinha disso conhecimento, raz&atilde;o pela qual quando teve oportunidade de se transferir para uma USF (a ser criada em S&atilde;o Pedro do Sul) n&atilde;o hesitou, tendo deixado de fazer parte do CS de Vouzela", recorda um dos m&eacute;dicos da futura USF Senhora do Castelo, David Amorim. Mais tarde, Helena Sousa saiu da USF S&atilde;o Pedro e regressou a Vouzela, como coordenadora da unidade (nomeada por Mercedes Figueiredo). Por&eacute;m o seu retorno nunca foi bem aceite por alguns colegas. Quando a directora executiva do ACES tentou que a equipa da USF integrasse a nova coordenadora do CS - em conjunto com outro colega que ficara de fora do projecto - o clima azedou. Segundo David Amorim, os dois colegas que n&atilde;o foram convidados eram os &uacute;nicos que cumpriam hor&aacute;rios de 35 horas semanais, o que ajuda a explicar por que raz&atilde;o ficaram de fora. De qualquer modo, acrescenta David Amorim, Helena Sousa n&atilde;o foi inclu&iacute;da porque tamb&eacute;m "havia elementos na Enfermagem e no grupo de m&eacute;dicos que se recusavam a avan&ccedil;ar para a USF, no caso da sua presen&ccedil;a". Este m&eacute;dico garante que quando a directora executiva do ACES soube da recusa manifestou um consider&aacute;vel desagrado, numa reuni&atilde;o realizada em Coimbra com elementos da ERA, tendo ent&atilde;o "afirmado que assim n&atilde;o concordaria com a cria&ccedil;&atilde;o da dita unidade e que iria fazer de tudo para n&atilde;o a deixar ir para a frente". Entretanto, um dos seis m&eacute;dicos da candidatura acabou por solicitar a reforma antecipada, o que obrigou a equipa a repensar as suas inten&ccedil;&otilde;es. A USF planeava reagrupar fileiras gra&ccedil;as a uma colega, jovem especialista, que veio tomar conta do ficheiro do m&eacute;dico aposentado em Vouzela, deslocando esta especialista para uma extens&atilde;o. O convite foi feito e a m&eacute;dica aceitou-o, inicialmente. Todavia, depois de ter surgido um abaixo-assinado de utentes a exigir a sua perman&ecirc;ncia na sede e de, em resposta, o coordenador da Senhora do Castelo ter feito uma avalia&ccedil;&atilde;o pouco abonat&oacute;ria das suas qualidades junto da popula&ccedil;&atilde;o, a referida m&eacute;dica desistiu de participar, abrindo mais uma frente de ruptura. A m&eacute;dica em quest&atilde;o acabou por ficar com uma lista na sede do CS de Vouzela, privando a USF de um ficheiro que o grupo pretendia integrar e limitando-o, de novo, a cinco elementos. Novo f&ocirc;lego em Novembro A USF Senhora do Castelo suspendeu a sua candidatura mas, no &uacute;ltimo m&ecirc;s de Novembro, voltou &agrave; carga, com uma contraposta pensada para cinco elementos m&eacute;dicos. Neste cen&aacute;rio, a equipa prescindia da Extens&atilde;o de Alcofra - onde supostamente deveria actuar -, mas mantinha todos os restantes pressupostos e a assist&ecirc;ncia na Extens&atilde;o de Campia. A sugest&atilde;o agradou aos representantes do conselho directivo da ARS do Centro e da Equipa Regional de Apoio (ERA) do Centro. "Isto representava a poupan&ccedil;a de um m&eacute;dico para a ARS e o compromisso assistencial da nossa parte de 8500 utentes, ficando 3500 para o CS. &Eacute; claro que a ARS nem hesitou, apesar de alguns protestos da parte da direc&ccedil;&atilde;o do ACES, pois viram logo que a proposta era irrecus&aacute;vel. O Dr. Lino Ministro, respons&aacute;vel pelo ERA, foi instru&iacute;do para que and&aacute;ssemos o mais depressa poss&iacute;vel com todo este processo", recorda o m&eacute;dico da equipa candidata. Depois de ter recebido luz verde e enquanto aguardava pela aprova&ccedil;&atilde;o final da candidatura, a equipa da Senhora do Castelo queixa-se, mais uma vez, de ter sido alvo de press&otilde;es inaceit&aacute;veis, aqui expostas por David Amorim: "mesmo depois do Dr. Pimentel e de outros membros do conselho directivo da ARS do Centro terem afirmado que havia urg&ecirc;ncia na cria&ccedil;&atilde;o da USF, h&aacute; algumas semanas atr&aacute;s a Dr. Mercedes chamou um dos nossos colegas e ofereceu-lhe uma vaga no CS de S&aacute;t&atilde;o. Ou seja, queria boicotar a forma&ccedil;&atilde;o da nossa USF! Se o nosso colega tivesse aceitado o convite, ficar&iacute;amos de novo com quatro m&eacute;dicos... No CS de Vouzela, h&aacute; uma USF em fase de candidatura (Senhora do Castelo), mas a sua formaliza&ccedil;&atilde;o revela-se complexa, pelos contratempos sentidos ao n&iacute;vel do recrutamento de m&eacute;dicos e pelas p&eacute;ssimas rela&ccedil;&otilde;es entre parte da equipa e a direc&ccedil;&atilde;o executiva do ACES &Eacute; importante sublinhar que, logo em Agosto deste ano, toda a equipa original da USF Senhora do Castelo subscreveu um abaixo-assinado, no qual dava conta das dificuldades enfrentadas pela candidatura. Um documento enviado para a ERA Centro, com conhecimento &agrave; ministra da Sa&uacute;de, presidente da ARS do Centro, Departamento de Contratualiza&ccedil;&atilde;o do Centro, sindicatos m&eacute;dicos e ordens profissionais. Equipa de Vouzela queixa-se de irregularidades, chama SIM e contrata advogado &Agrave; medida que todo este conturbado dossier evolu&iacute;a, os profissionais da USF Senhora do Castelo sentiram ainda que estavam a ser submetidos a condi&ccedil;&otilde;es de trabalho ileg&iacute;timas, em particular no que diz respeito aos hor&aacute;rios e escalas de servi&ccedil;o que o ACES imp&otilde;e. De tal forma, que a equipa acabou por receber uma delega&ccedil;&atilde;o do Sindicato Independente dos M&eacute;dicos (SIM), encabe&ccedil;ada pelo secret&aacute;rio-geral daquele entidade, Carlos Arroz. Deste encontro resultou um pedido de certid&atilde;o de hor&aacute;rios requisitado &agrave; direc&ccedil;&atilde;o executiva do ACES. "Existem v&aacute;rias irregularidades nos nossos hor&aacute;rios, tanto nos fixos como nos do Servi&ccedil;o de Apoio &agrave; Consulta (SAC). Nomeadamente desigualdade nas listas do SAC (alguns m&eacute;dicos realizam quatro horas, outros seis horas, outros 12 horas por semana). As rota&ccedil;&otilde;es n&atilde;o s&atilde;o iguais para todos os m&eacute;dicos e encontramos dias com doze ou mais horas de trabalho, sem qualquer palavra para connosco. N&atilde;o temos folgas aos s&aacute;bados e feriados e multiplicam-se os hor&aacute;rios sobrepostos com horas de consulta e de SAC, ao mesmo tempo", exemplifica David Amorim. Segundo este m&eacute;dico de fam&iacute;lia, os &oacute;rg&atilde;os do ACES prometeram emendar a m&atilde;o, em Novembro, mas depois de serem conhecidos os hor&aacute;rios subsequentes, verificou-se que pouco ou nada mudara. Assim, a equipa da Senhora do Castelo acabou mesmo por reunir com um advogado do SIM e amea&ccedil;ou chamar a Inspec&ccedil;&atilde;o-Geral das Actividades em Sa&uacute;de. Clima &eacute; mau... mais n&atilde;o b&eacute;lico Segundo David Amorim, para al&eacute;m dos obst&aacute;culos que a forma&ccedil;&atilde;o da USF tem enfrentado, &eacute; especialmente grave a imposi&ccedil;&atilde;o de determinadas regras aos profissionais de sa&uacute;de do agrupamento, por parte da direc&ccedil;&atilde;o executiva e do conselho cl&iacute;nico. Regras que, na perspectiva do coordenador da USF Senhora do Castelo, est&atilde;o desajustadas face &agrave; actual legisla&ccedil;&atilde;o e ao enquadramento que envolve as profiss&otilde;es da Sa&uacute;de. "N&atilde;o gozamos folgas aos feriados e temos hor&aacute;rios que se prolongam at&eacute; &agrave; meia-noite. Nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro n&atilde;o nos permitem tirar folgas, tudo ao crit&eacute;rio de quem dirige o ACES. Isto &eacute;: verificam-se v&aacute;rias ilegalidades na constitui&ccedil;&atilde;o do regime normal do nosso trabalho. Assim, os cinco elementos m&eacute;dicos da USF decidiram contratar um advogado de Coimbra, para regularizar a situa&ccedil;&atilde;o ao n&iacute;vel de hor&aacute;rios, folgas e outras particularidades", avan&ccedil;a o cl&iacute;nico da Senhora do Castelo. David Amorim sublinha que, apesar de tudo, as claras diverg&ecirc;ncias detectadas entre a equipa da USF e os &oacute;rg&atilde;os dirigentes dos ACES e do CS de Vouzela n&atilde;o destroem por completo o di&aacute;logo: "as pessoas continuam a falar, n&atilde;o se pense que toda a gente anda de punhal na m&atilde;o, ou que se mant&eacute;m uma guerra! Mas a verdade &eacute; que nunca mais houve um esp&iacute;rito de colabora&ccedil;&atilde;o como acontecia no passado, especialmente da parte da Dr.&ordf; Helena e da Dr.&ordf; Mercedes, para com o restante pessoal". David Amorim reconhece que at&eacute; &eacute; amigo da actual coordenadora do CS de Vouzela, com quem se d&aacute; bem. Por&eacute;m, relembra que a forma como Helena Sousa abandonou Vouzela para integrar a USF S&atilde;o Pedro, deixou v&aacute;rios colegas descontentes. Entretanto, com o regresso desta colega a Vouzela (onde passou a coordenar o CS) e com a tomada de posse dos &oacute;rg&atilde;os do ACES, David Amorim considera que o clima de trabalho se tornou pouco democr&aacute;tico: "a partir de determinado momento, tudo passou a funcionar por decreto, atrav&eacute;s de pap&eacute;is afixados na parede. Posso dizer que n&atilde;o realizamos uma reuni&atilde;o de servi&ccedil;o, para discutir problemas ou pedir esclarecimentos, h&aacute; cerca de um ano. Uma das motiva&ccedil;&otilde;es para criar a USF era precisamente esta, ganhar autonomia. N&atilde;o est&aacute;vamos para aturar nada disto". Directora executiva do ACES rejeita acusa&ccedil;&otilde;es e afirma-se empenhada na reforma Contactada pelo nosso jornal, a directora executiva rebate muitas das cr&iacute;ticas que lhe s&atilde;o dirigidas, quer pelo coordenador da USF S&atilde;o Pedro, quer pela futura equipa da USF Senhora do Castelo. Relativamente &agrave; USF S&atilde;o Pedro, Mercedes Figueiredo real&ccedil;a que os problemas come&ccedil;aram internamente, que nada tiveram que ver com a chegada dos novos dirigentes do ACES: "a verdade tem de ser dita. J&aacute; existiam diverg&ecirc;ncias entre os elementos desta USF e uma m&eacute;dica acabou mesmo por sair do projecto. A restante equipa n&atilde;o conseguiu resolver as quest&otilde;es internas, tendo surgido, em simult&acirc;neo, dois pedidos de reforma, um deles do pr&oacute;prio coordenador. Nada disto tem que ver com o ACES! Que as pessoas queiram, posteriormente, imputar as responsabilidades a outros, &eacute; muito pouco &eacute;tico". A mesma respons&aacute;vel refere que os &oacute;rg&atilde;os do ACES fizeram todos os esfor&ccedil;os para recuperar a USF S&atilde;o Pedro, na fase em que esta amea&ccedil;ava desmoronar-se. Todavia, ressalva que grande parte da solu&ccedil;&atilde;o s&oacute; poderia ser desencadeada pela pr&oacute;pria USF: "os colegas teriam de conseguir integrar outros m&eacute;dicos, mobiliz&aacute;-los, algo que n&atilde;o conseguiram apesar de v&aacute;rios contactos encetados. Na pr&aacute;tica, restaram apenas dois elementos m&eacute;dicos da equipa inicial. Os recursos na regi&atilde;o s&atilde;o escassos e todos os ACES da Regi&atilde;o n&atilde;o deixam sair os seus profissionais. &Eacute; preciso relembrar que as USF s&atilde;o aut&oacute;nomas e t&ecirc;m direito a escolher os seus membros, n&atilde;o &eacute; aos ACES que cabe esse encargo. H&aacute; responsabilidades que s&atilde;o das USF e que n&atilde;o podem ser imputadas a mais ningu&eacute;m". Relativamente a esta unidade, Mercedes Figueiredo julga que a dissolu&ccedil;&atilde;o acabou por ser despoletada por raz&otilde;es internas graves, at&eacute; porque o ACES s&oacute; tinha a ganhar com a manuten&ccedil;&atilde;o da USF a funcionar: "desde o in&iacute;cio que o nosso interesse &eacute; o de que surjam USF e que gozem do maior sucesso. Quantas mais, melhor, j&aacute; que s&atilde;o aut&oacute;nomas, auto-organizam-se e facilitam-nos o trabalho". A directora executiva do ACES D&atilde;o Laf&otilde;es II questiona-se mesmo sobre as raz&otilde;es fundamentais para o fim da USF S&atilde;o Pedro: "a direc&ccedil;&atilde;o executiva do ACES n&atilde;o colocou qualquer tipo de constrangimento e a equipa funcionava de modo aut&oacute;nomo. Por que raz&atilde;o deixou de o fazer? A meu ver, ter&atilde;o ocorrido problemas pessoais no seio da equipa, infelizmente. O que n&atilde;o est&aacute; certo &eacute; justificar o encerramento com a ac&ccedil;&atilde;o do ACES. Que poderia eu fazer? Encontrar novos m&eacute;dicos? De forma alguma, as pessoas t&ecirc;m de escolher livremente com quem trabalham. O mesmo se passa com a impossibilidade de passarem a modelo B e com a desmotiva&ccedil;&atilde;o decorrente. O ACES nada tem a ver com o facto, j&aacute; que este est&aacute; associado, isso sim, ao cumprimento de indicadores e a auditorias feitas pela ERA. N&atilde;o me sinto minimamente respons&aacute;vel pelo fecho desta unidade". Contendas de poder No que respeita &agrave; USF Senhora do Castelo, Mercedes Figueiredo sublinha que procurou convencer a equipa a integrar os dois m&eacute;dicos do CS de Vouzela que n&atilde;o integravam a candidatura - sendo um deles a coordenadora do CS - mas recusa-se a olhar para estas d&eacute;marches como uma forma de press&atilde;o: "num CS pequeno como o de Vouzela, com oito m&eacute;dicos, &eacute; muito complicado deixar de fora da USF dois profissionais. Quando tal acontece, torna-se extremamente dif&iacute;cil formar depois uma UCSP, face &agrave;s exig&ecirc;ncias da inter-substitui&ccedil;&atilde;o. Assim, &eacute; minha obriga&ccedil;&atilde;o (e de qualquer director executivo) contribuir para integrar todos os elementos, para mais quando as pessoas j&aacute; se conhecem h&aacute; mais de vinte anos". Na &oacute;ptica da directora executiva, existiam fortes raz&otilde;es para que a USF fosse o mais inclusiva poss&iacute;vel, atendendo ao passado das pessoas em causa: "a Dr.&ordf; Helena Sousa tem excelentes capacidades, &eacute; directora do internato m&eacute;dico e trazia bons conhecimentos na pr&aacute;tica de implementar uma USF, de produzir documentos, etc. A verdade &eacute; que rejeitaram a Dr.&ordf; Helena porque a tinha nomeado minha interlocutora no CS de Vouzela, quando fui para a direc&ccedil;&atilde;o deste ACES. Algo que n&atilde;o foi bem aceite por todos. Foi a&iacute; que come&ccedil;aram as guerras!". Eliminada que ficou a hip&oacute;tese de a coordenadora do CS de Vouzela ser convidada para a USF, a equipa continuou o seu percurso mas queixa-se de n&atilde;o ter encontrado um caminho f&aacute;cil. Mercedes Figueiredo afirma-se alheia a qualquer obst&aacute;culo que possa ter atrapalhado o evoluir da USF Senhora do Castelo: "estou desejosa que formem a USF! Inclusive para permitir uma melhor organiza&ccedil;&atilde;o de hor&aacute;rios, que hoje s&atilde;o uma verdadeira vergonha, de tal modo se assemelham aos de uma consulta aberta". Sobre o facto de ter sido entregue a uma rec&eacute;m-especialista um ficheiro de utentes da sede do CS de Vouzela que a USF considera ser da sua responsabilidade, Mercedes Figueiredo esclarece: "um dos m&eacute;dicos do grupo reformou-se, deixando 1600 utentes sem m&eacute;dico de fam&iacute;lia, um problema para o qual o grupo n&atilde;o apresentou qualquer solu&ccedil;&atilde;o. Nessa fase, como o grupo n&atilde;o avan&ccedil;ava, tomei a decis&atilde;o de entregar a lista a uma m&eacute;dica que se formara em Vouzela e que concorreu ao ACES D&atilde;o Laf&otilde;es II". Mais, a directora executiva afirma que a equipa da USF acabou por desbaratar o contributo e a incorpora&ccedil;&atilde;o desta jovem especialista: "depois de terminar o internato, esta rec&eacute;m-especialista acabou por ser convidada pelo grupo, para tomar conta de uma lista numa extens&atilde;o. Aconselhei-a, inclusive, a aceitar o convite e a entrar para a USF. Ela assim o fez. Contudo, mais tarde a colega pediu para sair da candidatura, por incompatibilidades". Na realidade, os utentes que esta m&eacute;dica acompanhava na sede do CS de Vouzela dinamizaram com um abaixo-assinado (onde se inscreveram mais mil assinaturas), a pedir que ela n&atilde;o sa&iacute;sse para a extens&atilde;o. Um movimento popular que resultou em mais lenha para a fogueira. "O coordenador da USF, em contacto com um dos doentes desta m&eacute;dica, utilizou termos pouco abonat&oacute;rios para classificar o seu trabalho. A colega acabou por desistir da USF e redigiu uma exposi&ccedil;&atilde;o por escrito, que eu fiz chegar &agrave; ARS do Centro", relembra a directora executiva. Mercedes Figueiredo acrescenta, ainda, que embora tenha assistido &agrave; reuni&atilde;o com a ARS do Centro em que se debateu a &uacute;ltima proposta de candidatura da USF Senhora do Castelo (em Novembro), nada sabe sobre o desenvolvimento do processo, nem recebeu qualquer documento: "nem sei se o grupo permanece em fase de candidatura. Desde esse encontro com a ARS, mais nada me foi transmitido, quer pelo grupo, quer pela ERA". Disc&oacute;rdia tamb&eacute;m abrange hor&aacute;rios A vinda do SIM a Vouzela, a pedido dos m&eacute;dicos que integram o projecto da USF, n&atilde;o parece apoquentar Mercedes Figueiredo: "acho muito bem que tenham chamado este sindicato. Os sindicatos e a Ordem s&atilde;o livres de fazer as visitas que entenderem e eu n&atilde;o tenho qualquer problema com isso, at&eacute; porque &eacute; um procedimento leg&iacute;timo (...) Agora o que se passa &eacute; que alguns destes m&eacute;dicos est&atilde;o em regime de 42 horas semanais, mas trabalham apenas vinte e tal ou trinta horas. Querem sete ou oito horas n&atilde;o assistenciais por semana e funcionam durante seis horas seguidas, como se o servi&ccedil;o fosse um SAP. H&aacute; quem reserve horas para assist&ecirc;ncia domicili&aacute;ria, sem que nenhum domic&iacute;lio efectue. O que temos procurado &eacute; que as regras e os hor&aacute;rios sejam cumpridos, que os m&eacute;dicos realizem consulta de inter-substitui&ccedil;&atilde;o e observem os seus casos agudos no local habitual de trabalho, &agrave; semelhan&ccedil;a do que acontece em qualquer UCSP ou USF". Apesar de n&atilde;o esconder as dificuldades sentidas em S&atilde;o Pedro do Sul e em Vouzela, Mercedes Figueiredo garante que a reforma dos CSP avan&ccedil;a a bom ritmo na regi&atilde;o, em locais onde a conviv&ecirc;ncia &eacute; mais pac&iacute;fica: "no dia 9 de Dezembro, foi inaugurada pelo secret&aacute;rio de Estado a USF Montemuro (no CS de Castro Daire). Uma unidade que funciona bem e uma equipa que deixou de fora quatro elementos m&eacute;dicos apenas por op&ccedil;&atilde;o dos pr&oacute;prios, organizados agora em UCSP. A USF Laf&otilde;es, em Oliveira de Frades, continua a trabalhar com rigor e integra todos os profissionais daquele CS. No CS de Sat&atilde;o, onde os profissionais est&atilde;o organizados em UCSP (com hor&aacute;rio cont&iacute;nuo entre as 08h00 e as 20h00 e consultas de inter-substitui&ccedil;&atilde;o implementadas), procuro persuadir um grupo a avan&ccedil;ar com uma USF. H&aacute;, portanto, coisas muito boas neste ACES!".

Terceiro espaço

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