Jornal Médico - Novos e velhos edifícios sofrem com intempérie

O mau tempo registado nos &uacute;ltimos dias tem causado estragos avultados de norte a sul do pa&iacute;s. Nem as instala&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de escaparam &agrave; intemp&eacute;rie, como confirm&aacute;mos em duas USF da regi&atilde;o metropolitana de Lisboa O mau tempo registado nos &uacute;ltimos dias tem causado estragos em edif&iacute;cios um pouco por todo o pa&iacute;s. As instala&ccedil;&otilde;es usadas por equipas de sa&uacute;de n&atilde;o parecem escapar &agrave; tend&ecirc;ncia, como confirm&aacute;mos em duas unidades de sa&uacute;de familiar da regi&atilde;o metropolitana de Lisboa. Apesar de um dos servi&ccedil;os funcionar num im&oacute;vel quase novo e o outro num pr&eacute;-fabricado que h&aacute; muito espera demoli&ccedil;&atilde;o, ambos partilharam a mesma rotina na &uacute;ltima semana: baldes a aparar goteiras, bra&ccedil;os atarefados, de esfregona em riste... Cautela para n&atilde;o escorregar Em S&atilde;o Domingos de Rana, a sala de refei&ccedil;&otilde;es, pausa e conv&iacute;vio da USF S&atilde;o Domingos de Gusm&atilde;o continua a ser utilizada por m&eacute;dicos, enfermeiros e administrativos, apesar do elemento decorativo central da mesa ser... um balde! A &aacute;gua, retida em grandes quantidades na placa superior do im&oacute;vel, acaba por infiltrar-se e pingar... At&eacute; nas instala&ccedil;&otilde;es el&eacute;ctricas. A unidade ocupa, actualmente, o primeiro piso de um edif&iacute;cio de dois andares, inaugurado em 2008 (em baixo est&aacute; localizada a USF Emergir). Foi em Abril desse ano que o grupo da SDG come&ccedil;ou a trabalhar nas instala&ccedil;&otilde;es. Alguns meses depois, tornaram-se &oacute;bvios alguns erros de concep&ccedil;&atilde;o. Desde essa &eacute;poca, procurou-se remediar o melhor poss&iacute;vel a situa&ccedil;&atilde;o, com recurso, principalmente, ao engenho e capacidade de improviso dos profissionais. "Logo no primeiro inverno passado nas instala&ccedil;&otilde;es, tive de chamar os bombeiros por tr&ecirc;s vezes numa s&oacute; noite! Isto porque os pontos estrat&eacute;gicos de escoamento no terra&ccedil;o estavam entupidos. Foram os bombeiros que nos aconselharam a deslocar duas lajes no terra&ccedil;o sempre que chove mais, no sentido de permitir o escoamento das &aacute;guas. Assim, quando v&ecirc;m as chuvas fortes, l&aacute; pedimos aos seguran&ccedil;as para subirem ao terra&ccedil;o, o que infelizmente n&atilde;o est&aacute; a resolver o problema a 100%", explica a coordenadora da USF S&atilde;o Domingos de Gusm&atilde;o, Ana Maria Figueiredo. A mesma respons&aacute;vel declara que mal os problemas se fizeram sentir, procurou de imediato os servi&ccedil;os de protec&ccedil;&atilde;o civil da autarquia de Cascais. &Eacute; que edif&iacute;cio onde est&aacute; instalada a unidade &eacute; propriedade da autarquia, que logo no primeiro inverno rectificou os problemas de humidade e infiltra&ccedil;&atilde;o, no tecto falso da sala de refei&ccedil;&otilde;es. Contudo, a empreitada parece ter sido um mero paliativo, j&aacute; que as chuvadas deste ano voltaram a fazer entrar &aacute;gua na unidade. "A infiltra&ccedil;&atilde;o verifica-se sempre na sala de refei&ccedil;&otilde;es. Tamb&eacute;m se observa alguma humidade num gabinete m&eacute;dico cont&iacute;guo e na &aacute;rea da Sa&uacute;de Infantil, mas foi-nos dito que isso est&aacute; relacionado com a m&aacute; qualidade de alguns materiais e n&atilde;o tanto com a chuva", explica Ana Maria Figueiredo. Benfica: cascatas por todos os cantos J&aacute; temos dado conta, em edi&ccedil;&otilde;es anteriores, das m&aacute;s condi&ccedil;&otilde;es que marcam o dia-a-dia de trabalho na USF Rodrigues Migu&eacute;is, em Benfica. A unidade est&aacute; instalada num velho pr&eacute;-fabricado e, apesar de alguns meses ter sido contemplada com projecto para um novo edif&iacute;cio - gra&ccedil;as a protocolo assinado entre a C&acirc;mara Municipal de Lisboa e a ARSLVT -, s&oacute; dever&aacute; mudar para a nova casa daqui a alguns anos. Entretanto, j&aacute; deveria ter sido deslocada para contentores provis&oacute;rios, a instalar num terreno pr&oacute;ximo, de acordo com os planos tra&ccedil;ados pela administra&ccedil;&atilde;o. Uma vez que todo este processo se atrasou, a USF continua a enfrentar desafios bizarros para uma unidade de sa&uacute;de. A chuva que caiu logo ap&oacute;s o Natal veio colocar &agrave; prova, mais uma vez, o esp&iacute;rito de miss&atilde;o do grupo. Depois de quatro dias de encerramento devido &agrave; &eacute;poca natal&iacute;cia, a equipa veio encontrar as instala&ccedil;&otilde;es totalmente alagadas. Dos sete gabinetes m&eacute;dicos, apenas um ficou em condi&ccedil;&otilde;es de funcionar. "Felizmente, neste primeiro dia ap&oacute;s a reabertura, por motivo de f&eacute;rias, estavam apenas tr&ecirc;s m&eacute;dicos a dar consulta de manh&atilde;. Assim, dois de n&oacute;s acab&aacute;mos por dar consulta numa sala de reuni&otilde;es, at&eacute; que se procedesse &agrave; limpeza. Algumas consultas foram tamb&eacute;m reagendadas para o per&iacute;odo da tarde", avan&ccedil;a Ant&oacute;nio Alvim, coordenador da Rodrigues Migu&eacute;is. Nos corredores, &aacute;rea de atendimento, sala de espera e muitos dos gabinetes assistenciais, a &aacute;gua foi sendo retirada ao longo da manh&atilde;, perante a perplexidade da maioria dos utentes. Os algerozes foram tamb&eacute;m limpos por uma empresa contratada para o efeito pelo ACES Lisboa Norte, facto que trouxe um al&iacute;vio tempor&aacute;rio, mas que n&atilde;o resolveu as dificuldades estruturais que estiveram na origem da inunda&ccedil;&atilde;o. Para Armando Brito de S&aacute;, m&eacute;dico de fam&iacute;lia (MF) na Rodrigues Migu&eacute;is, esta situa&ccedil;&atilde;o e o actual estado de degrada&ccedil;&atilde;o do im&oacute;vel em que a sua equipa trabalha mostram bem o "n&iacute;vel terceiro-mundista a que foram votados os CSP nas regi&otilde;es metropolitanas. No concelho de Lisboa, nenhuma das infra-estruturas que serve o SNS foi constru&iacute;da ap&oacute;s a d&eacute;cada de 60, se excluirmos o Centro de Sa&uacute;de dos Olivais, edificado na &eacute;poca da Expo 98. Fica patente a ideia de que apenas os grandes hospitais conquistam votos". Rodrigues Migu&eacute;is vive de promessas adiadas A USF Rodrigues Migueis espera ansiosamente pela pr&oacute;xima etapa da sua transforma&ccedil;&atilde;o de unidade limitada (ao n&iacute;vel do espa&ccedil;o f&iacute;sico, potencial de crescimento e at&eacute; apelo visual) em servi&ccedil;o de sa&uacute;de moderno e apetrechado com todos os meios exigidos a uma USF com objectivos ambiciosos. "Prometido desde a passagem de RRE a USF, h&aacute; 3 anos, o processo de mudan&ccedil;a teve finalmente luz verde em Novembro de 2008. Nessa altura reunimo-nos com o departamento t&eacute;cnico da ARS e rapidamente acert&aacute;mos a planta dos m&oacute;dulos provis&oacute;rios", explicita Ant&oacute;nio Alvim. Em Maio, foi dito &agrave; equipa que existia um acordo com a C&acirc;mara de Lisboa, para a coloca&ccedil;&atilde;o de contentores provis&oacute;rios num terreno pr&oacute;ximo do actualmente ocupado. Assim, seria poss&iacute;vel, at&eacute; Setembro, realizar a mudan&ccedil;a. Todavia, o dossier ficou emperrado e as desculpas foram-se acumulando: "primeiro, disseram-nos que os contentores n&atilde;o estavam dispon&iacute;veis, porque as empresas respons&aacute;veis pelos mesmos estavam muito ocupadas no seu fornecimento &agrave;s escolas. De seguida, descobriu-se que era preciso fazer um acordo com o Judo de Portugal a quem aquele espa&ccedil;o j&aacute; teria sido cedido mas sem que a sua utiliza&ccedil;&atilde;o se tivesse concretizado; s&oacute; depois daquele acordo, em Novembro, foi poss&iacute;vel o parecer final do Departamento de Instala&ccedil;&otilde;es e o seguimento do processo para o Conselho Directivo da ARSLVT, tendo-nos sido jurado que em Janeiro nos mudar&iacute;amos". Contudo, em Dezembro deste ano surge novo obst&aacute;culo: "soubemos que, afinal, a aquisi&ccedil;&atilde;o dos contentores teria de passar pelo Tribunal de Contas (TC), devido ao seu valor. A &uacute;ltima estimativa que recebemos aponta para a autoriza&ccedil;&atilde;o do investimento, por parte do TC, em final de Janeiro. Pelas minhas contas, se tudo correr bem, s&oacute; l&aacute; para Abril poderemos fazer a mudan&ccedil;a, o que significa mais um Inverno nas actuais condi&ccedil;&otilde;es", lamenta o m&eacute;dico de fam&iacute;lia. O coordenador da Rodrigues Migu&eacute;is suspeita at&eacute; que a quest&atilde;o seja mais grave: "cresce a minha convic&ccedil;&atilde;o pessoal de que n&atilde;o existe verba dispon&iacute;vel para este investimento, o que faz com que todo o processo v&aacute; sendo atrasado". Relativamente ao projecto que conduzir&aacute; &agrave;s instala&ccedil;&otilde;es definitivas da Rodrigues Migu&eacute;is, Ant&oacute;nio Alvim apela de novo para que n&atilde;o deixem o seu grupo de trabalho &agrave; margem: "at&eacute; agora, foi-nos recusado pelo Departamento de Instala&ccedil;&otilde;es da ARS acesso ao plano pormenorizado das instala&ccedil;&otilde;es e a todas as informa&ccedil;&otilde;es que pedimos. S&oacute; conhecemos algumas imagens de simula&ccedil;&atilde;o do exterior. Ora, parece-me important&iacute;ssimo que o grupo da Rodrigues Migu&eacute;is tenha uma palavra a dizer acerca do assunto. Trata-se de um factor directamente relacionado com a forma como funcionamos enquanto unidade. Depois de feito, o edif&iacute;cio torna-se muito mais dif&iacute;cil de emendar e sai muito mais caro. Instala&ccedil;&otilde;es que aparecem terminadas, sobre as quais n&atilde;o fomos consultados, v&atilde;o contra o esp&iacute;rito das USF".

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