Jornal Médico - Governo traça meta: uma UCC por ACES

J&aacute; arrancaram no terreno as primeiras 15 unidades de cuidados na comunidade, n&uacute;cleos funcionais que representam um dos principais eixos da reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios J&aacute; arrancaram no terreno as primeiras 15 unidades de cuidados na comunidade, n&uacute;cleos funcionais que representam um dos principais eixos da reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. Nas cerim&oacute;nias de inaugura&ccedil;&atilde;o das primeiras UCC do pa&iacute;s, que decorreram no passado dia 18 de Dezembro, o Governo quis mostrar o empenho posto em mais este passo da reforma, com a presen&ccedil;a da ministra e dos seus dois secret&aacute;rios de estado em cerim&oacute;nias de inaugura&ccedil;&atilde;o formal, que decorreram quase em simult&acirc;neo nas regi&otilde;es da Grande Lisboa, zona metropolitana do Porto e Algarve. Ana Jorge fez igualmente quest&atilde;o de acompanhar, in loco, uma visita domicili&aacute;ria realizada no novo contexto. Na realidade, tratou-se de um regresso ao passado. A dirigente regressou &agrave; regi&atilde;o que conheceu bem como m&eacute;dica, numa altura em que respondia pela vigil&acirc;ncia de fam&iacute;lias desprotegidas, residentes em bairros empobrecidos Dos 270 projectos de constitui&ccedil;&atilde;o de unidades de cuidados na comunidade que deram entrada na Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios at&eacute; ao momento, 15 j&aacute; iniciaram actividade. Para assinalar o arranque da nova unidade funcional de presta&ccedil;&atilde;o de cuidados, o executivo preparou um extenso programa de iniciativas, que envolveu a participa&ccedil;&atilde;o da ministra da sa&uacute;de, Ana Jorge e dos seus dois secret&aacute;rios de estado, Manuel Pizarro e &Oacute;scar Gaspar. Na regi&atilde;o metropolitana de Lisboa foi escolhida a UCC Abra&ccedil;ar Queluz (integrada no Agrupamento de Centros de Sa&uacute;de - ACES - Cac&eacute;m/Queluz, unidade de Massam&aacute;) para marcar o arranque de mais esta etapa fundamental da reforma dos CSP. Na cerim&oacute;nia de inaugura&ccedil;&atilde;o da nova estrutura, Ana Jorge falou sobre as UCC, novas estruturas &agrave;s quais compete, de acordo com o artigo 11.&ordm; do Decreto-Lei n.&ordm; 28/2008 (22 de Fevereiro), prestar "cuidados de sa&uacute;de e apoio psicol&oacute;gico e social de &acirc;mbito domicili&aacute;rio e comunit&aacute;rio, especialmente &agrave;s pessoas, fam&iacute;lias e grupos mais vulner&aacute;veis, em situa&ccedil;&atilde;o de maior risco ou depend&ecirc;ncia f&iacute;sica e funcional, ou doen&ccedil;a que requeira acompanhamento pr&oacute;ximo". Estas unidades participam ainda "na educa&ccedil;&atilde;o para a sa&uacute;de, na integra&ccedil;&atilde;o em redes de apoio &agrave; fam&iacute;lia e na implementa&ccedil;&atilde;o de unidades m&oacute;veis de interven&ccedil;&atilde;o". As UCC s&atilde;o compostas por enfermeiros (um dos quais coordena a equipa), m&eacute;dicos, psic&oacute;logos, assistentes sociais, nutricionistas, terapeutas da fala, fisioterapeutas e outros profissionais que sejam considerados essenciais para o cumprimento das tarefas impostas por lei. &Agrave; imagem das unidades de sa&uacute;de familiar (USF), as UCC s&atilde;o constitu&iacute;das atrav&eacute;s de candidatura apresentada por um grupo de profissionais que se auto-constitui e que, uma vez autorizado a avan&ccedil;ar, desenvolve trabalho em regime de autonomia t&eacute;cnica. Parte substancial do tempo laboral destas equipas ser&aacute; passada na comunidade, de porta em porta e em apoio directo aos utentes. &Eacute; igualmente atrav&eacute;s destas UCC que os respectivos ACES se articulam e participam na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, forma de garantir o melhor esp&iacute;rito colaborativo entre cuidados continuados e CSP. Reforma conhecer&aacute; novos cap&iacute;tulos No momento em que as primeiras equipas iniciaram as suas incurs&otilde;es no terreno, Ana Jorge fez quest&atilde;o de sublinhar que se dava "um passo significativo na reforma dos CSP", embora muitas das actividades por estas desenvolvidas "j&aacute; tenham vindo a ser realizadas, ao longo dos anos, atrav&eacute;s dos centros de sa&uacute;de". No entanto, Ana Jorge frisa que os profissionais "est&atilde;o agora organizados de outra maneira, em equipa multidisciplinar, com o contributo de novos t&eacute;cnicos de sa&uacute;de". A governante aproveitou a ocasi&atilde;o para anunciar que, no muito curto prazo, o n&uacute;mero de unidades cresceria: "o nosso objectivo &eacute; ter pelo menos uma UCC em cada ACES. Obviamente que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel fazer tudo em simult&acirc;neo. Precisamos de novos espa&ccedil;os, de adquirir experi&ecirc;ncia e solidificar o trabalho de m&eacute;rito j&aacute; efectuado". A breve trecho, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de acredita que outras 33 UCC estar&atilde;o prontas para iniciarem actividade nas pr&oacute;ximas semanas. Ana Jorge reconhece que se t&ecirc;m feito grandes progressos na reforma dos CSP e assegura que, muito em breve, se apostar&aacute; na dinamiza&ccedil;&atilde;o das Unidades de Sa&uacute;de P&uacute;blica, "planeadas para interagir com estas UCC". O esp&iacute;rito reformista aponta, pois, para "a descentraliza&ccedil;&atilde;o das interven&ccedil;&otilde;es e para a proximidade com os cidad&atilde;os", explica a ministra da Sa&uacute;de. De acordo com Ana Jorge, as UCC v&atilde;o ser uma pe&ccedil;a fundamental na promo&ccedil;&atilde;o da sa&uacute;de dos portugueses, na medida em que s&atilde;o capazes de "capacitar as pessoas para o auto-cuidado e para identificarem os primeiros sinais de que as coisas n&atilde;o correm bem". Na &oacute;ptica da dirigente, o Minist&eacute;rio ter&aacute; de fazer um consider&aacute;vel investimento inicial, j&aacute; que &eacute; preciso criar novas equipas de sa&uacute;de. Por&eacute;m, "ap&oacute;s alguns anos e feita a primeira avalia&ccedil;&atilde;o, ser&aacute; poss&iacute;vel confirmar que os portugueses contam com melhor sa&uacute;de, aliada a custos correntes mais baixos", frisa Ana Jorge. A titular da pasta da Sa&uacute;de garante que os recursos humanos dispon&iacute;veis nos centros de sa&uacute;de est&atilde;o a ser analisados e organizados, no sentido de "colmatar dificuldades", mas n&atilde;o exclui a possibilidade de contrata&ccedil;&atilde;o de novos profissionais para o SNS, quando o n&uacute;mero de UCC atingir n&uacute;meros mais elevados. Teresa Pires de Matos, coordenadora da UCC Abra&ccedil;ar Queluz (equipa respons&aacute;vel por cinco freguesias do concelho de Sintra - Queluz, Massam&aacute;, Monte Abra&atilde;o, Belas e Casal de Cambra - num total estimado de 115 mil utentes) est&aacute; bem consciente do trabalho que se adivinha no horizonte: "s&atilde;o, segundo os censos de 2001, 38 mil fam&iacute;lias, 800 das quais j&aacute; identificadas como de risco, ao n&iacute;vel social e de sa&uacute;de". Teresa Matos espera que, num futuro pr&oacute;ximo, seja poss&iacute;vel alargar o seu grupo com a colabora&ccedil;&atilde;o de um nutricionista, de um terapeuta ocupacional e de um psic&oacute;logo a tempo inteiro. "Pretendemos levar a UCC para fora de portas, ser pr&oacute;-activos e conjugar esfor&ccedil;os. N&atilde;o queremos ficar &agrave; espera que requisitem os nossos servi&ccedil;os", explica a coordenadora da Abra&ccedil;ar Queluz. A coordenadora da nova UCC aproveitou a ocasi&atilde;o para pedir &agrave; titular da pasta da Sa&uacute;de e restantes dirigentes presentes que dotassem a "sua" UCC de todos os meios de que est&aacute; carenciada, "particularmente viaturas, para responder atempadamente e com qualidade &agrave;s necessidades da popula&ccedil;&atilde;o". UCC prestam apoio a quem n&atilde;o tem MF Em Casal de Cambra, Ana Jorge inteirou-se, em primeira m&atilde;o, do trabalho levado a cabo pela UCC Abra&ccedil;ar Queluz. Ali foi encontrar as enfermeiras Elsa Ramos e Paula Bernardes, que aconselhavam Raquel Moreto sobre os cuidados a ter com o filho Gustavo, nascido h&aacute; dez dias. A visita aos rec&eacute;m-nascidos &eacute; uma das miss&otilde;es domicili&aacute;rias mais nobres da UCC Abra&ccedil;ar Queluz, que conta actualmente com 12 membros. Raquel e as duas enfermeiras conhecem-se bem. As duas t&eacute;cnicas de sa&uacute;de apoiaram a jovem m&atilde;e durante o curso de prepara&ccedil;&atilde;o para a parentalidade que realizou e estar&atilde;o ao seu lado, sempre que necess&aacute;rio, durante as 12 semanas posteriores ao nascimento (com destaque para o diagn&oacute;stico precoce ao rec&eacute;m-nascido). D&uacute;vidas associadas a planeamento familiar, amamenta&ccedil;&atilde;o, cuidados de higiene, implica&ccedil;&otilde;es na envolv&ecirc;ncia familiar, entre outras, foram esclarecidas durante a visita a que assistimos, com a pediatra Ana Jorge a meter tamb&eacute;m a sua colherada. Para Raquel, a ajuda &eacute; preciosa, uma vez que actualmente n&atilde;o possui sequer um m&eacute;dico de fam&iacute;lia atribu&iacute;do. Os benefici&aacute;rios das UCC n&atilde;o precisam de estar inscritos em ficheiro cl&iacute;nico, circunst&acirc;ncia que permite a Raquel oferecer ao filho vigil&acirc;ncia e cuidados de boa qualidade.

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