Jornal Médico - USF Ramalde: um compromisso saudável!

Desde o in&iacute;cio que "a acessibilidade, disponibilidade e continuidade de cuidados assumiram um papel fundamental na nossa pr&aacute;tica di&aacute;ria, atrav&eacute;s de um trabalho de equipa e de um processo de melhoria cont&iacute;nua da qualidade", diz F&aacute;tima Palmeir&atilde;o, coordenadora da unidade A reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios est&aacute; a sedimentar-se paulatinamente, renovando e consolidando um Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de que, ao longo dos &uacute;ltimos 30 anos, j&aacute; muito ofereceu &agrave; popula&ccedil;&atilde;o portuguesa, diz a respons&aacute;vel da USF Ramalde, C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o. Desde o in&iacute;cio do RRE - estrutura que, em 2008, evoluiu para USF - "a acessibilidade, disponibilidade e continuidade de cuidados assumiram um papel fundamental na nossa pr&aacute;tica di&aacute;ria, atrav&eacute;s de um trabalho de equipa e de um processo de melhoria cont&iacute;nua da qualidade". O lema da USF - Um compromisso saud&aacute;vel! - representa claramente o compromisso estabelecido entre os profissionais que constituem a equipa e os utentes A equipa da Unidade de Sa&uacute;de Familiar (USF) Ramalde tem origem num grupo RRE (Regime Remunerat&oacute;rio Experimental), constitu&iacute;do em 2000, no Centro de Sa&uacute;de (CS) de Aldoar. A sua transforma&ccedil;&atilde;o em unidade de sa&uacute;de familiar implicou uma s&eacute;rie de movimenta&ccedil;&otilde;es dos profissionais. O n&uacute;cleo duro do RRE acabou por dar origem, na realidade, a duas unidades de sa&uacute;de familiar. "Quando se iniciou a reforma dos CSP e se repensou a estrutura da equipa para a passagem a USF produziu-se uma cis&atilde;o no nosso grupo, dolorosa como n&atilde;o podia deixar de ser, mas que preferimos recordar pela positiva: foi a oportunidade de, a partir de um grupo RRE, se formarem duas USF. Ou seja, o RRE Ramalde multiplicou-se e transformou-se! Aqui sim, se pode dizer que a reforma dos CSP deu frutos!", diz a respons&aacute;vel da unidade de sa&uacute;de familiar, C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o. De um conjunto de 23 profissionais (nove m&eacute;dicos, sete enfermeiras e sete assistentes t&eacute;cnicos que integravam o RRE, 15 mant&ecirc;m-se na nova unidade (seis m&eacute;dicos, a totalidade das enfermeiras e dois assistentes t&eacute;cnicos). O primeiro m&eacute;dico a sair "foi o l&iacute;der formal do RRE e seu grande impulsionador", Rui Medon. Inicialmente para integrar a Equipa Regional de Apoio (ERA) Norte e, posteriormente, para dirigir o ACES Porto Ocidental, do qual faz parte o CS de Aldoar. Em sua substitui&ccedil;&atilde;o ficou uma rec&eacute;m-especialista de MGF, cujo internato decorreu no RRE Ramalde. Recentemente, a equipa foi alargada com a entrada de mais uma rec&eacute;m-especialista em MGF, que igualmente tinha terminado o seu internato na USF. Aguardamos, entretanto, a coloca&ccedil;&atilde;o de mais um elemento de enfermagem A candidatura inclu&iacute;a oito m&eacute;dicos, oito enfermeiras e seis assistentes operacionais para uma popula&ccedil;&atilde;o de aproximadamente 14 mil utentes.. Novas instala&ccedil;&otilde;es ainda em fase de projecto A passagem para o novo modelo organizativo traduziu-se numa motiva&ccedil;&atilde;o ainda maior dos profissionais. C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o conta que "todos sentiram algo de diferente no dia em que a USF Ramalde entrou em funcionamento. Apesar de nos mantermos nas mesmas instala&ccedil;&otilde;es e de trabalharmos da mesma maneira, a motiva&ccedil;&atilde;o passou a ser definitivamente outra! Era, no fundo, a concretiza&ccedil;&atilde;o de um desejo muito forte. &Eacute; isso que nos faz viver e querer ultrapassar as dificuldades". Quanto aos utentes, "creio que, nesse dia, n&atilde;o ter&atilde;o sentido grandes diferen&ccedil;as. Sentiram-nas, isso sim, no in&iacute;cio do RRE, e disso foram dando testemunho ao longo do tempo.". Para que os utentes se apercebam realmente da mudan&ccedil;a, "falta a constru&ccedil;&atilde;o e inaugura&ccedil;&atilde;o das novas instala&ccedil;&otilde;es". As instala&ccedil;&otilde;es actuais s&atilde;o ex&iacute;guas, "quer para os profissionais que nela trabalham (e para todo o trabalho que queremos desenvolver), quer para a popula&ccedil;&atilde;o abrangida". Ali&aacute;s, j&aacute; era assim no in&iacute;cio do RRE. "Apenas a vontade f&eacute;rrea dos profissionais em serem pioneiros da reforma dos CSP, quando ainda tudo era muito incerto, fez com que o RRE Ramalde iniciasse fun&ccedil;&otilde;es, apesar de as instala&ccedil;&otilde;es n&atilde;o serem as ideais". "J&aacute; merecemos melhor!" De acordo com a coordenadora, o espa&ccedil;o que a USF Ramalde ocupa - e que herdou do RRE - "j&aacute; n&atilde;o responde &agrave;s solicita&ccedil;&otilde;es e tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; pass&iacute;vel de sofrer mais adapta&ccedil;&otilde;es... Nunca us&aacute;mos a falta de condi&ccedil;&otilde;es como desculpa para n&atilde;o cumprir o nosso trabalho, nem deix&aacute;mos de atingir as nossas metas mas, neste momento, j&aacute; merecemos melhor!". Al&eacute;m de n&atilde;o existirem salas de espera (apenas um corredor com um banco corrido em frente dos consult&oacute;rios), os gabinetes m&eacute;dicos t&ecirc;m que ser partilhados e o espa&ccedil;o ocupado pela enfermagem tamb&eacute;m &eacute; insuficiente. O lado positivo &eacute; que j&aacute; existe um projecto de constru&ccedil;&atilde;o de novas instala&ccedil;&otilde;es, faltando "apenas"... a passagem da posse do terreno da autarquia para o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, adianta C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o. Satisfa&ccedil;&atilde;o certificada A respons&aacute;vel da equipa de Ramalde faz quest&atilde;o de salientar um dado significativo: "os resultados, recentemente conhecidos, do inqu&eacute;rito de satisfa&ccedil;&atilde;o dos utentes realizado pelo Centro de Estudos e Investiga&ccedil;&atilde;o em Sa&uacute;de da Universidade de Coimbra, a pedido da Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios, mostram que a nossa USF obteve um n&iacute;vel de satisfa&ccedil;&atilde;o ligeiramente superior &agrave; m&eacute;dia nacional, a n&iacute;vel global e em praticamente todas as &aacute;reas. A &uacute;nica excep&ccedil;&atilde;o verificou-se no grupo de quest&otilde;es relacionadas com as instala&ccedil;&otilde;es!". A respons&aacute;vel da equipa de Ramalde assinala ainda que, em fun&ccedil;&atilde;o dos compromissos assumidos em sede de contratualiza&ccedil;&atilde;o, os profissionais efectuaram um estudo de satisfa&ccedil;&atilde;o dos utentes e profissionais em Outubro de 2008 como, ali&aacute;s, j&aacute; o faziam enquanto RRE. "Apraz-nos real&ccedil;ar que os resultados das duas avalia&ccedil;&otilde;es foram muito semelhantes, quer relativamente aos utentes, quer aos profissionais. No entanto, pensamos que o dado mais importante a retirar destas avalia&ccedil;&otilde;es &eacute; o conhecimento dos pontos menos bons, de modo a serem corrigidos e melhorados". Dificuldades na monitoriza&ccedil;&atilde;o dos indicadores Ainda em RRE, os profissionais iniciaram a utiliza&ccedil;&atilde;o do SAM. Inicialmente, apenas para a emiss&atilde;o de receitu&aacute;rio e de baixas e, posteriormente, como programa de gest&atilde;o cl&iacute;nica, para o registo de todos os dados da consulta. Embora reconhecendo o esfor&ccedil;o que tem sido desenvolvido e que resultou em melhorias significativas na actualiza&ccedil;&atilde;o do software, "a verdade &eacute; que cheg&aacute;mos a ponderar a utiliza&ccedil;&atilde;o de outro sistema". De acordo com C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o, "s&oacute; a dificuldade em integrar esse novo sistema no servidor e a consequente necessidade de adquirir outro, nos dissuadiram de seguir esse caminho". Fruto das diversas actualiza&ccedil;&otilde;es, e tamb&eacute;m "da nossa experi&ecirc;ncia acumulada como utilizadores", o SAM "j&aacute; permite satisfazer as nossas necessidades de registo di&aacute;rio da informa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica". O problema - "que sempre existiu e continua a existir" - tem a ver com "a dificuldade em obtermos informa&ccedil;&atilde;o de retorno sobre o nosso trabalho, nomeadamente no que se refere &agrave; monitoriza&ccedil;&atilde;o dos indicadores. N&atilde;o apenas aqueles que contratualizamos mas tamb&eacute;m todos os dados que nos permitem avaliar o que estamos a fazer". O m&oacute;dulo estat&iacute;stico "ainda n&atilde;o foi instalado e &eacute; claro que esta lacuna tem implica&ccedil;&otilde;es importantes ao n&iacute;vel da gest&atilde;o da unidade, do trabalho em equipa e do trabalho individual. N&atilde;o conhecendo o que est&aacute; feito, &eacute; mais dif&iacute;cil corrigir o que estiver errado!", argumenta a coordenadora. "Para evitar que isso aconte&ccedil;a, voltamos a utilizar as velhinhas folhas de Excel!... E assim vamos obtendo, com todas as limita&ccedil;&otilde;es e trabalho acrescido que representa, alguns dados imprescind&iacute;veis para a melhoria do nosso trabalho". Enfermagem de fam&iacute;lia &eacute; uma aposta da reforma dos CSP Na transi&ccedil;&atilde;o do RRE para USF, o trabalho de enfermagem passou a ser organizado de acordo com o modelo de enfermeiro de fam&iacute;lia. C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o defende que "a enfermagem de fam&iacute;lia &eacute; uma aposta da reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios e uma garantia de qualidade, constituindo ao mesmo tempo um enorme desafio". Significa, por outro lado, "a passagem do paradigma da fam&iacute;lia como contexto, para o paradigma da fam&iacute;lia como cliente, ou seja, a fam&iacute;lia como alvo dos cuidados". Para a m&eacute;dica, as vantagens s&atilde;o evidentes: "permite um maior acompanhamento dos utentes e das suas fam&iacute;lias e, simultaneamente, uma maior articula&ccedil;&atilde;o com os restantes profissionais e tamb&eacute;m com a comunidade". A maior dificuldade no desenvolvimento deste modelo reside, uma vez mais, "na exiguidade do espa&ccedil;o f&iacute;sico das instala&ccedil;&otilde;es actuais. S&atilde;o necess&aacute;rios mais consult&oacute;rios para as enfermeiras poderem programar as suas actividades de forma mais eficaz". Projectos focados na comunidade Entre os projectos desenvolvidos pelos profissionais junto da comunidade, destaca-se o apoio &agrave; equipa de Sa&uacute;de Escolar do Centro de Sa&uacute;de de Aldoar ou, noutra vertente, ao Ex&eacute;rcito de Salva&ccedil;&atilde;o, "uma entidade que presta um apoio domicili&aacute;rio inestim&aacute;vel a pessoas dependentes e com a qual nos articulamos muitas vezes". A equipa aguarda tamb&eacute;m pelas novas instala&ccedil;&otilde;es para poder avan&ccedil;ar com a consulta do p&eacute; diab&eacute;tico e de pequena cirurgia. No plano de acompanhamento interno, dedicado &agrave; hipertens&atilde;o e risco cardiovascular, est&aacute; previsto, a m&eacute;dio prazo, a cria&ccedil;&atilde;o de uma consulta de Obesidade e Educa&ccedil;&atilde;o Alimentar. Quanto &agrave; consulta de cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica, j&aacute; a funcionar h&aacute; alguns anos, actualmente "mant&eacute;m-se em servi&ccedil;os m&iacute;nimos, enquanto aguardamos as novas instala&ccedil;&otilde;es". Plano de forma&ccedil;&atilde;o &eacute; elaborado anualmente pelo Conselho T&eacute;cnico A USF possui um Plano de Forma&ccedil;&atilde;o Cont&iacute;nua, que contempla ac&ccedil;&otilde;es de forma&ccedil;&atilde;o externa e interna. "Estas &uacute;ltimas est&atilde;o definidas no Plano Anual de Reuni&otilde;es Cl&iacute;nicas, que t&ecirc;m como objectivo a discuss&atilde;o de casos cl&iacute;nicos, apresenta&ccedil;&atilde;o de revis&otilde;es tem&aacute;ticas, trabalhos de investiga&ccedil;&atilde;o e ainda a partilha de informa&ccedil;&atilde;o relevante obtida em ac&ccedil;&otilde;es de forma&ccedil;&atilde;o externa", explica C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o. O plano de forma&ccedil;&atilde;o &eacute; elaborado anualmente pelo Conselho T&eacute;cnico, com base no levantamento das necessidades formativas sentidas pela equipa. A respons&aacute;vel da USF aponta ainda que "s&atilde;o incentivadas as participa&ccedil;&otilde;es de todos os profissionais nas reuni&otilde;es cl&iacute;nicas, atrav&eacute;s da apresenta&ccedil;&atilde;o de trabalhos pr&oacute;prios ou da dinamiza&ccedil;&atilde;o do Journal Club". USF s&atilde;o o modelo de trabalho do futuro No que diz respeito &agrave; forma&ccedil;&atilde;o de internos, com a sa&iacute;da de uma m&eacute;dica do RRE para integrar outra USF, neste momento existe apenas um orientador de forma&ccedil;&atilde;o. Ainda assim, revela C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o "j&aacute; temos uma colega designada para iniciar a orienta&ccedil;&atilde;o de internos e, a breve prazo, iremos contar com mais orientadores, &agrave; medida que forem efectuando a forma&ccedil;&atilde;o pedag&oacute;gica de formadores". Na opini&atilde;o da m&eacute;dica de fam&iacute;lia, a exist&ecirc;ncia de um grupo mais alargado de orientadores e internos "&eacute; essencial para a din&acirc;mica da USF, nomeadamente para o desenvolvimento da investiga&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica". Est&aacute;gios cl&iacute;nicos de enfermagem Relativamente &agrave; &aacute;rea de enfermagem, "j&aacute; desde o in&iacute;cio do RRE que regularmente colaboramos no est&aacute;gio cl&iacute;nico". Para al&eacute;m da forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-graduada, a USF oferece a possibilidade de os enfermeiros realizarem est&aacute;gios de especializa&ccedil;&atilde;o em Sa&uacute;de Infantil. Na opini&atilde;o da m&eacute;dica de fam&iacute;lia, "a forma&ccedil;&atilde;o de internos de MGF pode ser t&atilde;o boa numa USF como numa dita unidade convencional. Tudo depende da vontade e da compet&ecirc;ncia das pessoas, incluindo os orientadores e os pr&oacute;prios internos". Apesar de defender a sua camisola, como membro de uma USF, C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o afirma que "os bons profissionais e o bom trabalho n&atilde;o s&atilde;o exclusivo nosso!" Ainda assim, refere que "a grande vantagem para os internos em efectuarem a sua forma&ccedil;&atilde;o numa USF, reside no facto de este ser o modelo de trabalho do futuro e onde existe um potencial de inova&ccedil;&atilde;o extraordin&aacute;rio. A reforma dos CSP &eacute; irrevers&iacute;vel e a cria&ccedil;&atilde;o e desenvolvimento de cada vez mais USF &eacute; tamb&eacute;m uma das grandes oportunidades que os rec&eacute;m-especialistas em MGF t&ecirc;m no in&iacute;cio da sua carreira. Um bom exemplo disso mesmo &eacute; a renova&ccedil;&atilde;o da nossa equipa com duas colegas que aqui cumpriram o seu internato! "Pelo sonho &eacute; que vamos..." Para C&acirc;ndida Palmeir&atilde;o, "&eacute; fundamental fortalecer o esp&iacute;rito de grupo". Com esse objectivo, "temos tentado levar a cabo algumas actividades que visam aumentar a coes&atilde;o da equipa". A realiza&ccedil;&atilde;o de jantares peri&oacute;dicos para a confraterniza&ccedil;&atilde;o entre todos os profissionais da USF &eacute; disso um exemplo. A ideia surgiu numa reuni&atilde;o de servi&ccedil;o, em que foi proposta uma "tempestade de ideias" inovadoras a levar a cabo na USF. A celebra&ccedil;&atilde;o do primeiro anivers&aacute;rio da USF, em Junho de 2009, foi um &oacute;ptimo pretexto para reunir a equipa em torno de um programa que aliou as vertentes formativa e l&uacute;dica. A inspira&ccedil;&atilde;o, conta-nos a coordenadora, veio de um poema de Sebasti&atilde;o da Gama, intitulado "Pelo sonho &eacute; que vamos...".

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