Jornal Médico - Desafios da Saúde Pública no século XXI

A implementa&ccedil;&atilde;o de 74 USP "&eacute; um desafio como a Sa&uacute;de P&uacute;blica j&aacute; n&atilde;o tinha h&aacute; muitos anos", afirma Constantino Sakellarides, que encara a reforma em curso nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios como uma oportunidade &uacute;nica para o robustecimento da Sa&uacute;de P&uacute;blica A implementa&ccedil;&atilde;o de 74 USP "&eacute; um desafio como a Sa&uacute;de P&uacute;blica j&aacute; n&atilde;o tinha h&aacute; muitos anos". Quem o diz &eacute; o professor Constantino Sakellarides, que encara a reforma em curso nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios como uma oportunidade &uacute;nica para o robustecimento da Sa&uacute;de P&uacute;blica Os desafios que a Sa&uacute;de P&uacute;blica portuguesa ter&aacute; que enfrentar, no sentido de uma verdadeira moderniza&ccedil;&atilde;o, foram apresentados pelo director da Escola Nacional de Sa&uacute;de P&uacute;blica (ENSP), Constantino Sakellarides, aos participantes no I Congresso Nacional da especialidade. Actualmente, a Sa&uacute;de P&uacute;blica (SP) vive uma certa "fadiga pand&eacute;mica", pelo que &eacute; necess&aacute;rio recuperar a sua natureza "integral e integradora", aponta o acad&eacute;mico. Este &eacute; um dos muitos desafios que a SP enfrenta no s&eacute;culo XXI... "No que toca &agrave;s determinantes em Sa&uacute;de e suas interac&ccedil;&otilde;es, n&atilde;o podemos pensar numa SP biol&oacute;gica, numa outra psicol&oacute;gica ou numa SP ambiental. A Sa&uacute;de P&uacute;blica &eacute; una, &eacute; uma ci&ecirc;ncia integral e integradora", sustentou o respons&aacute;vel da ENSP. Consciente de que leis como a do tabaco e a da interrup&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria da gravidez tiveram um &ecirc;xito consider&aacute;vel no nosso pa&iacute;s, em termos de sa&uacute;de p&uacute;blica, Sakellarides nota, por&eacute;m, que "estes sucessos sectoriais t&ecirc;m a sua import&acirc;ncia, mas n&atilde;o devem distrair-nos da miss&atilde;o central da SP: trabalhar de forma integrada para melhorar a sa&uacute;de das popula&ccedil;&otilde;es". Ora, no entender do especialista, "esta capacidade de colocar as quest&otilde;es centrais que mais preocupam, enquanto problemas na comunidade, est&aacute; a perder-se"... A SP como realidade local foi outro dos desafios apresentados pelo ex-director-geral da Sa&uacute;de, para quem "a import&acirc;ncia do Plano Nacional de Sa&uacute;de &eacute; nula se n&atilde;o contemplar estrat&eacute;gias locais de sa&uacute;de, um compromisso com um n&uacute;mero limitado de resultados e a gest&atilde;o de parcerias sustent&aacute;veis como forma de alcan&ccedil;ar as metas definidas". O director da ENSP alertou, tamb&eacute;m, para o factor "racionalidade limitada", frisando a import&acirc;ncia de a SP "perceber e enquadrar os est&iacute;mulos emocionais que entram, invariavelmente, em linha de conta na obten&ccedil;&atilde;o de resultados". A m&aacute;xima "pensar global e agir global" e a emerg&ecirc;ncia do cidad&atilde;o como actor na sociedade do conhecimento s&atilde;o, segundo Sakellarides, um dos maiores desafios que se colocam &agrave; SP moderna. A prop&oacute;sito deste &uacute;ltimo, o professor chamou a aten&ccedil;&atilde;o para o aparecimento de portais, redes sociais e, mais recentemente, de sistemas personalizados de informa&ccedil;&atilde;o em Sa&uacute;de (SPIS), tais como o i-Cidad&atilde;o (http://www.i-cidadao.org/) - um projecto que conta com o apoio da ENSP. Em jeito de conclus&atilde;o, Sakellarides salientou aquele que &eacute; um dos maiores desafios/obst&aacute;culos ao desenvolvimento (e financiamento) de uma SP do s&eacute;culo XXI: o facto de a Sa&uacute;de P&uacute;blica nem sempre ser considerada uma ci&ecirc;ncia. De acordo com o professor da ENSP, este &eacute; um problema essencialmente pol&iacute;tico. Fausto Amaro: em Portugal investiga-se pouco! Convidado a comentar a confer&ecirc;ncia de Constantino Sakellarides, o soci&oacute;logo Fausto Amaro defendeu a import&acirc;ncia da "transversalidade da SP a todos os sectores da sociedade". A este respeito, o professor do Instituto Superior de Ci&ecirc;ncias Sociais e Pol&iacute;ticas da Universidade T&eacute;cnica de Lisboa alertou: "em Portugal, temos um problema, n&atilde;o de Sa&uacute;de P&uacute;blica, mas de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas... Estas baseiam-se em pouca evid&ecirc;ncia emp&iacute;rica, porque se investiga pouco!". Fausto Amaro lamenta que haja &aacute;reas fundamentais como a Sa&uacute;de Mental e o Urbanismo que, "malogradamente, t&ecirc;m ficado de fora do &acirc;mbito de estudo da SP". O soci&oacute;logo lembrou que, actualmente, a sociedade se caracteriza por uma certa "reflexividade" e que este aspecto "tem consequ&ecirc;ncias importantes no pr&oacute;prio planeamento em Sa&uacute;de P&uacute;blica". De acordo com o professor, o caminho para a resolu&ccedil;&atilde;o destes "impasses" pode passar por uma "maior integra&ccedil;&atilde;o entre as ci&ecirc;ncias da sa&uacute;de e as ci&ecirc;ncias sociais".

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